Equipe econômica está atônita. “Temos que proteger o ministro”, diz um técnico

Compartilhe

Integrantes da equipe econômica dizem que estão atônitos com o bate-bota que envolveu o ministro Paulo Guedes e deputados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na quarta-feira, 3 de abril.

“Temos que proteger o ministro”, afirma um técnico, assustado com o isolamento de Guedes durante o depoimento sobre a reforma da Previdência. “Ficou claro que o governo não tem base no Congresso”, acrescenta.

Para outro técnico, ou o governo age rápido para reverter a onda negativa que está se formando em torno da reforma da Previdência, ou as mudanças propostas serão enterradas. “Do jeito que está, é impossível a reforma ir adiante. No máximo, o Congresso aprovará um remendo da proposta original”, ressalta.

Blindagem

Na avaliação da equipe econômica, o Palácio do Planalto não se preocupou em criar uma blindagem para o ministro na CCJ. “Muitos viram o resultado mais ameno da exposição dele no Senado e acreditaram que tudo seria tranquilo na CCJ. Deu no que deu”, ressalta um dos assessores mais próximos de Guedes.

Segundo esse mesmo assessor, o presidente Jair Bolsonaro precisa chamar o ministro ainda nesta quinta-feira, 4 de abril, para lhe dar apoio público. “Não é possível que essa imagem ruim do ministro se dissemine. O bate-boca na CCJ só é bom para a oposição, que ganhou protagonismo num debate que deveria ser comandado pelo governo”, frisa.

Os técnicos da equipe econômica dizem ainda que não deixarão o ministro abandonado, mas é preciso que o Planalto faça todos os gestos para fortalecer Guedes. “Ele não aceitará se sentir isolado numa guerra, como ele mesmo diz, que é do governo, não dele. O ministro não é de pular fora do barco. Mas é preciso que ele se sinta protegido. E isso cabe ao governo”, afirma um servidor.

A ordem entre os integrantes da equipe econômica é mostrar união e passar confiança de que, apesar de todos os atropelos, a reforma será aprovada.

Brasília, 09h49min

Vicente Nunes