As movimentações são explícitas, sobretudo, no Ministério da Fazenda, no Planejamento e na Agricultura, além de estatais como o Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além de garantirem os polpudos contracheques, os técnicos garantem que compartilham do programa econômico de Bolsonaro.
Vários dos que pretendem continuar no governo já estiveram com Paulo Guedes, que será uma espécie de superministro do capitão da reserva, ou com interlocutores dele. A lista inclui, por exemplo, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que já foi citado por Bolsonaro como um técnico de primeira linha; a secretária executiva da Fazenda, Ana Paula Vescovi; e o assessor especial da Fazenda Marcos Mendes, esse, um dos mais entusiasmados com a possibilidade de continuar na equipe econômica.
Oficialmente, Bolsonaro só convidou, para sua equipe, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que ainda não respondeu se aceita ou não permanecer no cargo a partir de janeiro de 2019. Também pode continuar na função, por pelo menos mais um ano, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira. Se convidado para continuar onde está ou mesmo se for deslocado para outra função, o presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, também não se furtará em dizer sim.
No Ministério da Agricultura, o atual secretário executivo, Eumar Novacki, entrou no páreo para ser alçado ao superministério projetado por Bolsonaro, que incorporará o Meio Ambiente. Num primeiro momento, aventou-se que o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan, já estaria certo para comandar a Pasta. Mas o racha entre os ruralistas abriu as portas para Novacki sonhar. A Frente Parlamentar da Agricultura e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) entraram no páreo para indicar o ministro.
O certo é que, até bem pouco tempo visto como uma grande aventura no escuro, Bolsonaro passou a comandar corações e mentes de integrantes da equipe econômica, que alegam confiar em Paulo Guedes para levar adiante as reformas que o governo de Temer não conseguiu fazer. É lógico que, por trás desse discurso, está o desejo de manter os contracheques e o prestígio que os cargos dão.
Brasília, 19h15min