A equipe econômica admite elevar as projeções de crescimento para 2017 e 2018, fixadas, hoje, em 1,2% e 2,5%, respectivamente. Tudo dependerá, no entanto, da aprovação, pelo Congresso, das medidas de ajuste fiscal, a começar pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento de gastos à inflação do ano anterior.
Segundo integrantes da equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, há indicações de que a economia entrará no terreno positivo neste segundo semestre, podendo o Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos três meses do ano indicar o tão esperado fim da recessão. “Não descartamos, inclusive, a possibilidade de o PIB do terceiro trimestre já vir ligeiramente no azul”, disse um dos técnicos.
O mais importante neste momento, na avaliação da equipe econômica, é que a média do mercado já começa a convergir para as estimativas do governo. Na pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central, a expectativa de crescimento para o PIB de 2017 passou de 1% para 1,1%. “Ou seja, o resultado final pode surpreender, a depender das medidas que venham a ser tomadas para arrumar as contas públicas”, destacou o mesmo técnico. A Fazenda, acrescentou ele, detectou um importante movimento de recuperação da confiança entre os agentes econômicos.
“Não por acaso, os Credit Default Swaps (CDS), seguro pago pelos investidores, caiu de 550 pontos, em dezembro do ano passado, para menos de 300 pontos. As taxas de juros dos contratos de swap com vencimento em cinco anos desabaram de 17% para 12% ao ano”, destacou o auxiliar de Meirelles. A explicação, ressaltou ele, está na diminuição do risco político. “Nos últimos seis meses, os investidores não olhavam para os indicadores econômicos. Só tinham em mente as questões políticas. Agora, essa variável está sendo deixada de lado e as questões econômicas começam a pesar mais”, disse.
Frustração
Apesar do otimismo, a equipe econômica não esconde a preocupação com uma possível frustração. “Ainda não está 100% certo que o Congresso aprovará as medidas do ajuste fiscal. Mas o governo fará de tudo para que isso aconteça”, frisou o técnico. Ele destacou que há um grande número de investidores estrangeiros aguardando sinais mais concretos do Legislativo, incluindo a aprovação do impeachment definitivo de Dilma Rousseff, para despejar recursos no Brasil.
Independentemente das decisões do Congresso, a equipe econômica acredita que o maior estímulo que o governo pode dar ao país é fortalecer a confiança de que o ajuste fiscal está no caminho certo. Há o temor de que, na ânsia de entregar resultados positivos muito rápidos, o Palácio do Planalto provoque distorções. “Todo cuidado é pouco. Vimos, nos últimos anos, muitos tiros nos pés. Foram lançadas medidas que prometiam crescimento, mas que só destruíram a confiança”, acrescentou o auxiliar de Meirelles.
Brasília, 21h59min