O caso que chama mais a atenção de uma possível saia-justa envolve um convite feito por empresários luso-brasileiros para que o presidente esteja no Porto no dia 24 de abril. Sabe-se que a maior parte dos integrantes desse grupo é de bolsonaristas, que financiam movimentos contra a esquerda em território luso.
O Palácio do Planalto, a princípio, já encontrou uma desculpa para recusar esse evento. No mesmo dia 24, Lula prometeu um encontro com capitães da Associação 25 de abril, nascida da Revolução dos Cravos, que libertou Portugal da ditadura comandada por António Salazar.
O problema é que a conversa com empresários no Porto está sendo organizada por Nuno Rebelo de Souza, filho do presidente português, Marcelo Rebelo de Souza. Lula não quer se indispor com o amigo, que tanto apoio lhe deu nos últimos anos.
A saída será reunir todos os empresários em Lisboa em um encontro promovido pela Eurocâmaras Brasil, entidade que congrega, em território brasileiro, todas as Câmaras bilaterais de comércio Brasil-Europa. A promessa é de reunir mais de 200 empreendedores.
Manifestações da ultradireita
A visita de Lula está sendo aguardada com ansiedade em Portugal. Os dois países farão a primeira reunião de cúpula desde 2016. Enquanto esteve na Presidência da República, Jair Bolsonaro nunca visitou o país europeu por se recusar a conversar com um governo socialista.
Autoridades portuguesas, por sinal, já avisaram ao Palácio do Planalto sobre a possibilidade de haver manifestações pesadas contra a presença de Lula em Portugal. Os protestos estão sendo organizados pelo Chega, o partido de extrema-direita presidido pelo deputado André Ventura.
Segundo o próprio Ventura, estão sendo convocados empresários e evangélicos para o que ele define como “a maior manifestação contra um chefe de Estado” em terras portuguesas. O Chega tem pedido ajuda ao PL, o partido de Bolsonaro, e contado com suporte de Eduardo Bolsonaro.
O projeto inclui, ainda, passada a visita de Lula, promover, em maio, um grande encontro da ultradireita em Lisboa, tornando a capital portuguesa um polo do conservadorismo na Europa, um braço do evento anual que ocorre nos Estados Unidos. Bolsonaro e Donald Trump já foram convidados.