Apesar do discurso completamente atrasado do governo federal em relação ao meio ambiente — há integrantes do Executivo que garantem que não existe o efeito estufa —, os brasilienses prometem sair às ruas neste domingo, 8 de dezembro, para plantar até 1 milhão de árvores.
O mutirão está sendo puxado por organizadores e voluntários do Movimento Tempo de Plantar — Gincana Verde. A meta é plantar as árvores em todo o Distrito Federal. Se, na Asa Sul, área nobre de Brasília, o verde prevalece, em regiões como Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, a devastação é assustadora.
Os organizadores admitem que a meta de plantio de 1 milhão de árvores em um único dia é ambiciosa, mas a consciência ecológica está se fortalecendo, sobretudo entre as gerações mais novas. Portanto, a previsão é de que o movimento surpreenda. Está claro que, se nada for feito com urgência, as futuras gerações pagarão um preço altíssimo.
“A nossa expectativa é de que, no dia 8 de dezembro, as pessoas possam viver uma experiência de reconexão com a natureza. Daí o convite para as pessoas saírem de casa com uma muda de árvore na mão”, diz Paulo César Araújo, ambientalista e idealizador do movimento.
Além do plantio, há também um trabalho de conscientização “Trabalhamos um conceito de ecologia profunda, que convida a população a sentir a natureza. O convite é também tomar
banho de natureza, de árvore, de cerrado, no sentido de que a natureza cura. Então, tem esse outro lado espiritual, de tratar a natureza como um ser vivo, e não como um produto ou
um recurso que precisa ser consumido. As árvores também têm vida”, explica Araújo.
Alerta vermelho
Ele lembra que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que estamos na década do reflorestamento e coloca o plantio de árvores uma das saídas mais adequadas para combater as mudanças climáticas. “Todas as experiências que temos ao longo da vida é de consumir o planeta, a gente não faz nada para regenerar”, ressalta.
Ele destaca que o Movimento Tempo de Plantar — Gincana Verde tem como proposta de trazer, além da sustentabilidade, o discurso da regeneração, de recuperar o que já foi degradado. “O Cerrado é um dos biomas que mais sofrem com o desmatamento. As pessoas precisam tomar consciência de que é preciso regenerar esse bioma”, alerta Araújo.
Para o idealizador do movimento, o plantio não acaba em 8 de dezembro. “Essa é uma data simbólica. Os plantios vão até março, quando as águas de março vão fechar o verão. Depois, começa o tempo de cuidar, para que as pessoas se esforcem para cuidar de uma árvore a cada ano de vida”, frisa.
Brasília, 15h21min