Militares de dentro e de fora do governo dizem que, enquanto continuar ouvindo os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Salles (Meio Ambiente), o presidente Jair Bolsonaro só dará bola fora. Ele havia prometido divulgar, nesta quinta-feira (19/11), uma lista de países que comprariam madeira extraída ilegalmente do Brasil. Não teve coragem.
Bolsonaro caiu na real que a maior parte da madeira surrupiada da Amazônia fica no Brasil, que foi o governo dele que facilitou a venda de madeira para o exterior e que não são países, mas empresas que fazem negócios.
Desde que fez a ameaça pela primeira vez, em um encontro com presidentes do Brics, grupo que reúne Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul, Bolsonaro foi avisado pela ala sensata que ainda ocupa assentos no Palácio do Planalto de que ele deveria esquecer o assunto. Mas Araújo e Salles continuaram buzinando no ouvido do chefe.
O resultado disso é que, de novo, o presidente da República virou motivo de chacota. Logo ele que disse que o Brasil é um país de maricas e que todos aqueles que fizeram o isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus são frouxos.
Cercado de incompetentes
Por estar cercado de incompetentes, de pessoas com visão curta e extremamente ideológicas, Bolsonaro está metendo os pés pelas mãos. Ele não conseguiu sequer entender o resultado das urnas, que lhe foram extremamente negativas nas eleições municipais.
Além dos candidatos que ele apoiava terem tomado uma sova, os eleitores votaram em peso na diversidade, ou seja, em mais mulheres, negros e transexuais, tudo o que o presidente tem ojeriza. Mais: o bolsonarismo que ele acreditava estar forte vem minguando rapidamente.
Os militares que ainda acreditam no governo dizem que Bolsonaro precisa se livrar de “algumas pragas” antes que seja tarde demais. Quem desfruta da intimidade do presidente, porém, garante que ele está feliz da vida com os ministros de Relações Exteriores e do Meio Ambiente.
“Bolsonaro está precisando ouvir bons conselhos, como por exemplo, descer do palanque e visitar o Amapá, que está há mais de 15 dias mergulhado num apagão. Duvido que Ernesto e Ricardo o aconselharam a ver de perto o que está acontecendo aos amapaenses”, diz um militar. Bolsonaro só irá ao Amapá no sábado, 21 de novembro. Mas já será tarde.
Brasília, 21h35min