Endividamento de aposentados é recorde. Eles devem R$ 94,1 bi aos bancos

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POR SIMONE KAFRUNI

Sobrou para os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Com o desemprego, a queda na renda familiar e o crédito mais caro, os segurados estão se valendo cada vez mais de empréstimos consignados para ajudar nas contas da casa. Este ano, a modalidade disparou 9,4%. Muitos idosos são forçados pelas famílias a se endividaram, mesmo não querendo.

Os beneficiários do INSS já devem R$ 94,1 bilhões aos bancos. Em 12 meses, o saldo devedor cresceu 12,4%, enquanto, na média, as operações totais de crédito às pessoas físicas avançaram 4,6% no mesmo período, para R$ 1,530 trilhão. Em junho, especificamente, o aumento foi de 0,3%.

Somadas todas as operações de crédito, incluindo pessoas físicas e jurídicas, o saldo atingiu R$ 3,13 trilhões, com recuo de 0,5% em junho. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, explica que é raro ter queda no crédito em junho, e isso só ocorreu uma vez, em 2001. “O recuo é reflexo da baixa atividade econômica, de menos estímulo para tomada de crédito e de menor renda das famílias”, justifica. No primeiro semestre de 2016, a retração é de 2,8%. Em igual período do ano passado, houve alta de 2,7%.

A disparada do consignado aos aposentados é vista como um dado positivo, conforme Maciel. “É um crédito de qualidade, com juros mais baixos”, explica. Contudo, as dívidas com cartão de crédito e cheque especial, duas modalidades com os mais altos juros do mercado, também aumentaram em junho, o que mostra o desespero das famílias brasileiras.

A taxa média do cheque especial alcançou 315,7% ao ano, a maior da história. No rotativo do cartão, os juros médios estão em 470,9% ao ano. Nem isso conteve os endividados. No primeiro semestre de 2016, o uso do cheque especial aumentou 6,6% e o rotativo do cartão, 10%.

Brasília, 13h44min

Vicente Nunes