As chuvas torrenciais que têm caído em Portugal vêm provocados transtornos, prejuízos e mortes. Sem infraestrutura adequada para enfrentar o excesso de água, várias regiões do país estão ficando submersas, para desespero da população. Estima-se que, somente na terça-feira, 7 de dezembro, tenha chovido em uma hora o que se esperava para todo mês, reflexo das mudanças climáticas.
A brasileira Sílvia Caetano, 67 anos, perdeu a empresa que construiu há 17 anos em Algés, na região metropolitana de Lisboa. Todo o prédio onde funcionava da Light Design foi tomado por água e lama. Não sobrou nada. Os dois depósitos, com materiais para obras de iluminação já contratadas pelos clientes, ficaram alagados. Nas salas de projetos, computadores, televisões e mobiliários foram destruídos.
Sílvia calcula que os prejuízos passem de 500 mil euros (R$ 2,7 milhões). “Só saberemos o total valor das perdas quando conseguirmos adentrar os depósitos. Um está tomado pela lama, o outro, completamente submerso”, diz, desolada. Ela afirma que o que receberá de seguro não cobre sequer o valor dos computadores. “E tem todo o mobiliário, obras de arte, como cadeiras de Paulo Mendes da Rocha e poltronas de Jáder Almeida”, ressalta.
A empresária não sabe como será a ajuda prometida pelo governo de Portugal e pela prefeitura local. Mas, certamente, não será suficiente para recuperar os prejuízos. A Light Design, lembra ela, é a principal empresa de projetos personalizados para iluminação em funcionamento no território luso. Construiu uma reputação enorme, que será fundamental para se reerguer nos próximos meses.
A brasileira conta que tem recebido muito apoio de parceiros e funcionários, para que todos os contratos já firmados com clientes sejam cumpridos. “Precisamos de novos negócios para pagar as contas. Mas, com a onda de solidariedade que tem nos ajudado, vamos superar esse momento difícil. Acredito nisso”, destaca ela. Sílvia têm negócios em Brasília e é sócia de uma fábrica de luminárias no Recife.
Ela chegou em Lisboa em 2005. Aos poucos, foi abrindo espaços e, em 2009, conseguiu inaugura a Light Design. “Não vamos desistir. Sou guerreira”, diz. “Pelo menos até o fim deste ano, funcionaremos em um galpão cedido por um dos nossos parceiros. Estamos à procura de um novo espaço para que possamos nos instalar em definitivo”, conta ela, que promete cumprir tudo o que foi acertado com a clientela.
Chuvas e ventos fortes
As chuvas, avisa André Fernandes, comandante nacional de Proteção Civil, não darão trégua nos próximos dias. Ele prevê novas tempestades, com possibilidade de alagamento em várias localidades. “Haverá novas inundações. Por isso, pedimos a todos que tomem os devidos cuidados”, afirma. A previsão é de ventos fortes e chuvas intensas nas regiões de Lisboa e do Vale do Tejo entre esta segunda-feira (12/12) e quinta-feira (15/12).
No total, 14 estados estão em alerta laranja. Segundo a Defesa Civil, desde o fim de semana, foram registradas mais de 500 ocorrências, com 116 focos de alagamento. É importante ressaltar que, devido ao grande número de turistas e do acúmulo de lixo nas ruas, Lisboa está sofrendo mais com as chuvas. Túneis estão ficando submersos e casas, tomadas pela água — uma mulher morreu ao ficar presa num dos cômodos da residência.