Empréstimo do BNDES ao Museu Nacional se arrastava desde 2015

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O descaso da burocracia com o Museu Nacional é enorme. O projeto que deu base a um pedido de empréstimo da instituição ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), liberado somente em junho deste ano, se arrasta desde outubro de 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff.

O pedido foi encaminhado ao Comitê de Patrimônio Cultural do BNDES, que analisa o mérito do projeto, um mês depois de chegar ao banco. A aceitação do pedido de empréstimo pelo comitê saiu em março de 2016. Desde o início, porém, o banco alertou para a fragilidade dos argumentos apresentados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), à qual o museu está subordinado.

O grande problema do setor público é justamente esse: projetos ruins. Ao longo das negociações, a UFRJ foi obrigada a apresentar um projeto efetivo de combate a incêndios, pois, na proposta original, esse item era tratado de forma superficial. Foram necessários quase três anos para que BNDES e UFRJ chegassem a um acordo e fosse fechado o financiamento de R$ 21,7 milhões.

Agora, com 90% dos acervos destruídos pelo incêndio que consumiu o Museu Nacional, o BNDES vai liberar um empréstimo para a reconstrução da instituição. Nesta terça-feira (04/09), o presidente do banco, Dyogo Oliveira, estará em Brasília para participar de uma reunião com o presidente Michel Temer. Praticamente toda a cúpula do governo foi convocada.

O clima no governo é de desalento. Como bem diz um ministro, não podia ter acontecido nada pior neste final de governo do que a destruição do Museu Nacional. Apesar do descaso de administrações anteriores, todo o desgaste caiu no colo de Temer, que, se ressalte, também não fez nada mudar a realidade do museu.

A percepção no Palácio do Planalto é de que a comoção provocada pelo incêndio do Museu Nacional enterrou de vez o governo Temer. Foi a pá de cal em um presidente com a pior popularidade da história.

Brasília, 20h21min

Vicente Nunes