ROSANA HESSEL
No primeiro dia de pregão após o carnaval, as empresas de capital aberto listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) tiveram perdas equivalentes ao valor de mercado do Itaú Unibanco, conforme dados da Economática. Levantamento da consultoria revela que total da desvalorização nesta quarta-feira (26/02) foi de R$ 290,2 bilhões.
“O tamanho da queda é próximo ao valor de mercado do banco Itaú Unibanco que fechou o dia valendo R$ 288,4 bilhões”, destacou o gerente de relacionamento institucional da Economática, Einar Rivero, em nota. O valor de mercado das companhias listadas na B3 passou de R$ 4,576 trilhões, na sexta-feira (21/01), para R$ 4,286 trilhões hoje.
Conforme os dados levantados pelo analista, as ações da Petrobras lideraram o ranking com perdas de R$ 39,2 bilhões. A Vale registrou depreciação de R$ 24,5 bilhões e o Bradesco, de R$ 15,5 bilhões. Os papéis dos quatro maiores bancos listados na B3 (Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil) tiveram desvalorização conjunta de R$ 50,5 bilhões, de acordo com Rivero.
Veja a lista das 20 maiores perdas na B3 abaixo:
Fechamento
A B3 encerrou o dia com queda de 7%, a 105.718 pontos, em grande parte, puxado pela confirmação do primeiro caso de coronavírus no país pelo Ministério da Saúde que derrubou as ações de companhias aéreas e empresas exportadoras. Contudo, o aumento da instabilidade política após notícias de o presidente Jair Bolsonaro enviar vídeos pelo WhatsApp apoiando uma manifestação convocada por militares contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo dia 15, não ajudou a evitar as perdas nos mercados e botou mais água na fervura.
O dólar subiu 1,16%, batendo novo recorde, de R$ 4,44 e só não ficou mais caro graças à intervenção do Banco Central que entrou vendendo US$ 500 milhões na abertura do mercado. Adivisa norte-americana ameaçava romper a barreira de R$ 4,45, maior cotação do dia. “Desse modo, a intervenção foi bem sucedida, na medida em que pautou-se pela condição internacional da alta do dólar”, avaliou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Ele lembrou que o BC anunciou que realizará um novo leilão extraordinário amanhã, de US$ 1 bilhão. Além disso, há um leilão de rolagem de linha previsto para sexta-feira, de US$ 3 bilhões.
Mercado futuro
Ao que tudo indica, amanhã será mais um dia de perdas nas bolsas uma vez que a Microsoft entrou na lista das gigantes norte-americanas que anunciam revisão nos resultados em função da perda de receita como impacto do coronavírus. Com a notícia de que a doença vai atrapalhar o lucro da Microsoft, os papeis da empresa já estavam caindo 2% após o fechamento dos mercados, de acordo com o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer. Ele lembrou que o papel da companhia tem um peso grande no índice Nasdaq, ajudando a bolsa das empresas de tecnologia a subir 1,25% hoje.