Em carta enviada ao presidente Jair Bolsonaro, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Públicos (NTU) informa que, depois de ser fortemente impactado pelos efeitos da pandemia, que somam prejuízos de quase R$ 10 bilhões, o setor sofre novo golpe com o anúncio do reajuste do óleo diesel anunciado pela Petrobras.
Segundo a associação, o aumento dos preços do combustível inviabiliza qualquer chance de recuperação do quadro crítico das empresas de ônibus urbano em todo o país. A NTU calcula que o novo reajuste, somado aos reajustes acumulados do diesel desde o ano passado, gera um impacto de 5,8% na planilha de custos das operadoras, tendo em vista que o combustível representa, em média, 23% dos custos operacionais das empresas de ônibus.
“Não conseguimos entender a insensibilidade do governo federal com um serviço essencial que garante o direito de ir e vir de 43 milhões de passageiros transportados por dia”, destaca Otávio Cunha, presidente-executivo da NTU.
Para ele, o setor reconhece o esforço do presidente da República, que já anunciou medida emergencial que zera tributos federais sobre o óleo diesel por 60 dias, mas clama por soluções definitivas, que passam pela reformulação da estrutura tributária incidente sobre o produto e pela adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais como o de transporte público.
Na correspondência, a Associação destaca, também, que o anúncio do reajuste do combustível em 15,2%, a partir desta sexta-feira, foi recebido com grande preocupação pelas empresas de ônibus. “Com esse novo reajuste, o aumento acumulado no preço do combustível somará 27,5% somente este ano, ou 25,4% na comparação com os preços praticados em janeiro de 2020”, explica o presidente da NTU.
No entender do executivo, a situação das empresas chegou a um limite crítico no Brasil, com prejuízos não só às operadoras do serviço, mas, também, aos trabalhadores. “Foram mais de 70 mil postos de trabalho perdidos”, afirma Cunha, que defende a adoção de um novo marco legal para o transporte público urbano e de caráter urbano, que inclua a segurança jurídica e a transparência nas relações contratuais, em resposta à crise setorial. Essas propostas vem sendo discutida com representantes dos ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional.
Brasília, 17h31min