Empresas de ônibus preparam reajustes de passagens por causa de aumento do diesel

Compartilhe

As empresas de transporte urbano estão preparando uma série de reajustes de passagens de ônibus por todo o país por causa dos consecutivos aumentos dos preços do óleo diesel. Nesta sexta-feira (19/02), passou a vigorar alta de 15,2% nas refinarias, acumulando 27,5% no ano.

Em carta enviada ao presidente Jair Bolsonaro, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Públicos (NTU) informa que, depois de ser fortemente impactado pelos efeitos da pandemia, que somam prejuízos de quase R$ 10 bilhões, o setor sofre novo golpe com o anúncio do reajuste do óleo diesel anunciado pela Petrobras.

Segundo a associação, o aumento dos preços do combustível inviabiliza qualquer chance de recuperação do quadro crítico das empresas de ônibus urbano em todo o país. A NTU calcula que o novo reajuste, somado aos reajustes acumulados do diesel desde o ano passado, gera um impacto de 5,8% na planilha de custos das operadoras, tendo em vista que o combustível representa, em média, 23% dos custos operacionais das empresas de ônibus.

“Não conseguimos entender a insensibilidade do governo federal com um serviço essencial que garante o direito de ir e vir de 43 milhões de passageiros transportados por dia”, destaca Otávio Cunha, presidente-executivo da NTU.

Para ele, o setor reconhece o esforço do presidente da República, que já anunciou medida emergencial que zera tributos federais sobre o óleo diesel por 60 dias, mas clama por soluções definitivas, que passam pela reformulação da estrutura tributária incidente sobre o produto e pela adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais como o de transporte público.

Na correspondência, a Associação destaca, também, que o anúncio do reajuste do combustível em 15,2%, a partir desta sexta-feira, foi recebido com grande preocupação pelas empresas de ônibus. “Com esse novo reajuste, o aumento acumulado no preço do combustível somará 27,5% somente este ano, ou 25,4% na comparação com os preços praticados em janeiro de 2020”, explica o presidente da NTU.

No entender do executivo, a situação das empresas chegou a um limite crítico no Brasil, com prejuízos não só às operadoras do serviço, mas, também, aos trabalhadores. “Foram mais de 70 mil postos de trabalho perdidos”, afirma Cunha, que defende a adoção de um novo marco legal para o transporte público urbano e de caráter urbano, que inclua a segurança jurídica e a transparência nas relações contratuais, em resposta à crise setorial. Essas propostas vem sendo discutida com representantes dos ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional.

Brasília, 17h31min

Vicente Nunes