HAMILTON FERRARI
As empresas desenhadas para ter impacto social ou ambiental positivo já representam mais de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) ibero-americano e terão papel decisivo para que os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 sejam alcançados.
Essa é uma das principais conclusões do estudo feito pelo Center for the Governance of Change (CGC), da IE University, em colaboração com a Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB), onde é analisado o atual estado da “economia com propósito” na Argentina, no Brasil, na Colômbia, no Chile, no México, em Portugal e na Espanha.
O estudo demonstra que, na Ibero-América, há mais de 170 mil empresas desse tipo, empregando mais de 10 milhões de trabalhadores em diferentes setores, do agro-alimentar ao tecnológico. Elas aliam a atividade comercial a medidas para o combate às alterações climáticas, à redução da pobreza e à desigualdade.
No Brasil, segundo o estudo, os negócios de impacto social estão concentrados nas regiões Sudeste (62%) e Sul (16%) e são, majoritariamente, de pequeno porte (mais de 70% dos negócios têm entre três e nove funcionários). Entre as grandes, o destaque vai para a Natura, que acaba de assumir o controle acionário da Avon.
Com as informações disponíveis, estima-se que as pequenas empresas brasileiras com compromissos sociais e ambientais empreguem ao redor de 10 mil funcionários (números de 2017). Esses negócios de menor porte estão muito próximos de gerar R$ 1 bilhão de
faturamento anual.
Compromissos
Segundo os responsáveis pelo estudo, levando-se em consideração o compromisso particular com o meio-ambiente e a justiça social, as empresas terão papel decisivo nos 17 objetivos de desenvolvimento da Agenda 2030. Mas a maioria delas não conseguirá alcançar escala suficiente para ter o impacto que o mundo precisa.
Para Diego Rubio, coordenador do estudo, isso ocorre porque não existe um ecossistema favorável para essas empresas. “As empresas com propósito social se veem obrigadas a competir num contexto econômico e regulatório que não foi criado para elas. Prioriza-se o lucro em vez do impacto social”, diz.
Para solucionar esses problemas, os estudiosos propõem a criação de um novo espaço regulatório, que se adapte às caraterísticas únicas dessas empresas e as ajude a crescer sem ter que renunciar aos seus valores. A esse espaço se chama “o quarto setor”, por estar na junção dos três segmentos tradicionais (privado, público e sem fins lucrativos).
Para Rebeca Grynspan, Secretária-Geral Ibero-Americana e co-chair da Fourth Sector Development Initiative, do Fórum Econômico Mundial, “os cidadãos estão dizendo que o desenvolvimento sustentável, a desigualdade e as alterações climáticas não são assuntos só dos governos, mas exigem um papel mais ativo das empresas”.
Diego del Alcázar Benjumea, vice-presidente da IE University, destaca o compromisso da instituição com o desenvolvimento de projetos com impacto social. “Formamos líderes que enfrentam os desafios da gestão de instituições e empresas num contexto global transformado pela tecnologia. Desenhamos um modelo apoiado na inovação e na tecnologia, que elimina as barreiras físicas de acesso à educação. Impulsionamos o empreendedorismo como via de criação de emprego, riqueza e bem-estar social”, afirma.
Brasília, 10h34min