O grupo mais moderado propõe reajuste salarial inferior à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 12 meses, o indicador cravou alta de 4,57%.
Outra ala de técnicos propõe reajuste zero. Isso mesmo, nada de aumento. A alegação é de que as estatais estão em situação calamitosa, acumulando perdas ano após ano. Os Correios, por exemplo, acumulam prejuízos de R$ 4 bilhões em dois anos. É muito.
A pressão, porém, será grande sobre o Planejamento. As estatais estão loteadas por indicações políticas. Os gestores indicados por representantes da base aliada não querem assumir o desgaste de anunciar que nenhum dos empregados das estatais terá aumento. Eles pregam que pelo menos a reposição da inflação seja concedida.
Problemão
Para o Planejamento, é preciso dar bons exemplos na administração pública. As estatais se tornaram um problemão porque viraram alvos fáceis para a corrupção. Enquanto as empresas não entrarem nos eixos, os reajustes salarias devem ser contidos ou mesmo suspensos.
Técnicos do governo sabem que a retaliação será enorme. Os sindicatos de empregados de estatais são muito organizados, sobretudo no caso da Petrobras, que está há três anos operando no vermelho, depois de ter o caixa devastado pela corrupção, como revela a Operação Lava-Jato.
Os petroleiros não abrem mão de aumentos todos os anos. O mesmo prevalece entre os bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Portanto, não será fácil que a proposta do Planejamento siga adiante. Será preciso muito pulso firme do ministro Dyogo de Oliveira, agora fortalecido ao ser efetivado no cargo.
Brasília, 09h30min