Emirates pune consumidor

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POR SIMONE KAFRUNI

Consumidores que compraram passagens da Emirates com tarifa zero para três destinos internacionais — Líbano, Austrália e Emirados Árabes — durante a madrugada da última quinta-feira tiveram seus tíquetes cancelados nesta sexta-feira (17/06) pela companhia aérea. Cerca de 100 pessoas de várias partes do país, que se consideram prejudicadas, se mobilizaram, criaram um grupo no aplicativo WhatsApp e estão combinando como vão processar a empresa, se individualmente ou em uma ação coletiva.

Um dos afetados, o jornalista de Brasília Filipe Cardoso, 24 anos, contou que, às 3h da madrugada de quinta, viu uma postagem na rede social Instagram, alertando para a promoção. Conseguiu comprar uma passagem para o Líbano no site da Emirates, pagando apenas a taxa de embarque de R$ 350. Ele recebeu a confirmação, o código localizador e viu que o valor foi debitado no cartão. Avisou alguns amigos que também compraram tíquetes e combinaram a viagem para outubro. “Hoje (sexta-feira), a empresa entrou em contato, cancelou tudo e disse que vai ressarcir apenas a taxa de embarque”, lamentou.

Priscila Weston Santos de Oliveira Morais, 23, estudante de Anápolis (GO), teve um prejuízo maior. Gastou R$ 1 mil com dois vistos para Brisbane, na Austrália, para onde iria neste fim de semana, depois de comprar duas passagens da Emirates no site Submarino Viagens. “A companhia aérea avisou tarde sobre o cancelamento. Gastamos com os vistos e por pouco não compramos as passagens para São Paulo (de onde o voo partiria). Ela devia ter alertado em seguida. Quando reclamei, ainda fui mal atendida. Eu e meu namorado vamos processar a empresa”, afirmou.

Procurada, a Emirates emitiu nota lamentando pelo “inconveniente” causado aos clientes. “Por conta de um erro técnico, alguns tíquetes da Emirates de voos partindo do Brasil foram emitidos com tarifa zero. Todos essas passagens serão canceladas. A Emirates entrará em contato com os passageiros afetados que reservaram online pelo site da companhia e com agentes de viagens para auxiliar com uma nova reserva de voo em tarifa aplicada”, explicou, por meio da assessoria de imprensa.

Para a supervisora institucional da Associação de Consumidores Proteste, Sônia Amaro, a partir do momento em que o consumidor comprou e a empresa não entregou há o descumprimento contratual. “Quem teve prejuízo tem direito de pedir a reparação pelas perdas”, sentenciou.

Na opinião da advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) Claudia Almeida, é preciso saber como as passagens foram ofertadas. “Se houve promoção, é descumprimento da oferta. Agora, se houve erro e os clientes se aproveitaram disso, a companhia pode não ser responsabilizada”, ponderou. Claudia lembrou, no entanto, que, em um caso parecido, a Air France foi obrigada a validar as passagens.

Vicente Nunes