Em artigo divulgado, nesta terça-feira (17/5), pelo organismo multilateral, os economistas Mehdi Benatiya Andaloussi, Lone Engbo Christiansen, Ashique Habib e Davide Malacrino destacam que o choque sem precedentes provocado pela pandemia criou desafios que precisam ser enfrentados por trabalhadores e estudantes de mercados emergentes serão maiores e eles podem ser transformados em cicatrizes duradouras, principalmente, no mercado de trabalho dessas economias, que investiram muito menos do que as nações desenvolvidas no combate aos efeitos da pandemia. Além disso, eles chamam a atenção para a informalidade elevada no mercado trabalho dos países emergentes, que pagam os piores remunerações, como um fator que condena os trabalhadores à terem uma renda reduzida.
“Para muitas economias, a eclosão da guerra na Ucrânia está aumentando os desafios”, destacaram os analistas no documento onde eles ressaltaram que as perdas de aprendizado durante a pandemia foi maior entre as economias emergentes, o que poderá condenar os futuros trabalhadores “a uma vida inteira de renda comprimida”.
“Os alunos de hoje serão responsáveis por cerca de 40% das populações em idade ativa combinadas nas economias do G20 por décadas”, destacou o estudo. Segundo os analistas, os formuladores de políticas devem agir prontamente para reparar os danos da crise e evitar décadas de produção econômica diminuída devido à perda de capital humano. Eles destacaram que as perspectivas para essas cicatrizes no mercado de trabalho parecem muito diferentes entre G20 economias de mercado avançadas e emergentes.
Os analistas destacaram que as economias avançadas experimentaram fortes recuperações do mercado de trabalho, graças ao apoio político robusto e vacinação generalizada. Além disso, reforçaram que as preocupações iniciais de que a pandemia criaria um descompasso em grande escala entre as habilidades dos trabalhadores e a demanda de trabalho dos empregadores — devido à persistência mudanças na atividade em todos os setores, por exemplo, não se materializaram até agora. Já as economias emergentes estão apresentando recuperações econômicas mais fracas. “Também vemos um impacto marcante na extensão da informalidade trabalho – que é difundido em muitas dessas economias”, acrescentaram
Desigualdade
No estudo, os economistas ainda destacam que a atividade nos setores de serviços continua aquém da dos setores de bens, como distanciamento para minimizar a transmissão do vírus permanece. “A pandemia também levou a um aumento da pobreza e da desigualdade global, como 75 milhões de pessoas adicionadas à extrema pobreza em 2021, em relação às tendências pré-pandemia”, destacou o documento.
Conforme o estudo, a produção econômica global encolheu 3,1% em 2020, e, embora o apoio político sem precedentes tenha evitado resultados ainda piores, o apoio foi desigual entre as economias. G-20 economias avançadas e economias de mercado emergentes implantou cerca de US$ 9 trilhões e US$ 1,2 trilhão, respectivamente, em gastos adicionais e receitas perdidas medidas e cerca de US$ 5,8 trilhões e US$ 0,6 trilhão, respectivamente, em suporte de liquidez, entre o início da pandemia e o outono de 2021.
Em abril, o FMI revisou as projeções de crescimento global e até melhorou a estimativa de crescimento do PIB brasileiro neste ano, de 0,3% para 0,8%, mas o país continuará crescendo menos do que a média global e que os países emergentes.