A disposição de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em se endividarem está cada vez maior. Dados do Banco Central mostram que, somente entre janeiro e setembro deste ano, as dívidas desse grupo de consumidores por meio do consignado (desconto em folha) aumentaram R$ 12,2 bilhões, ou 12,1%, atingindo R$ 113,1 bilhões, novo recorde.
Isso significa dizer que, em média, as dívidas de aposentados e pensionistas cresceram R$ 1,36 bilhão por mês. Segundo especialistas, esse aumento está se dando, principalmente, pela necessidade dos idosos de ajudar filhos e parentes, muitos deles desempregados. Segundo o INSS, aposentados e pensionistas são, em boa parte, arrimo de famílias.
A aposentada Sandra Conforti, 56 anos, sabe muito bem disso. As duas filhas foram vitimadas pela crise econômica e perderam o emprego. Sem rendimentos, elas estão tendo as despesas cobertas pela mãe. Para Sandra, o único jeito de reforçar o orçamento foi se endividando. Ela praticamente esgotou o limite de consignação de 35% previsto em lei.
Nos últimos 12 meses, segundo o BC, os débitos com consignado de beneficiários do INSS saltaram 14,3%. No mesmo período, as dívidas de servidores públicos, que totalizam R$ 174,7 bilhões nessa modalidade de crédito, aumentaram 4,2% e as de trabalhadores da iniciativa privada recuaram 4,6%.
A boa notícia, na avaliação do Banco Central, é que os juros cobrados nos consignados a aposentados e pensionistas do INSS estão caindo. Na média, fecharam setembro em 27,4% ao ano, o menor nível desde dezembro de 2015.
Recentemente, o Ministério do Planejamento reduziu os juros máximos cobrados no crédito consignado para servidores e beneficiários do INSS. O governo acredita que, com taxas menores, a procura por crédito pode aumentar, impulsionando o consumo e, por consequência, a economia.
Os especialistas reconhecem que, ante às demais linhas de crédito disponíveis no mercado, o consignado é um bom negócio. Mas é preciso ter muito cuidado para não se estimular o superendividamento que tanto mal fez à economia no governo Dilma Rousseff.
Brasília, 15h38min