ROSANA HESSEL
A Petrobras reportou queda de 33,8% no lucro registrado no balanço de 2023, para R$ 124,6 bilhões, em dólares a queda foi menor, de 28,7%, conforme levantamento da Elos Ayta Consultoria divulgado nesta sexta-feira (8/3). Além disso, a estatal registrou uma das maiores rentabilidades entre as petrolíferas globais no ano passado.
“Apesar de um declínio no lucro em 2023, a Petrobras continua a se destacar como uma das empresas mais lucrativas do setor petrolífero. Embora tenha enfrentado uma redução de mais de 30% em reais e 28,7% em dólares, a Petrobras mantém sua posição como a segunda empresa mais rentável em uma seleção de 13 empresas do mercado internacional de petróleo”, destacou Einar Rivero, autor do levantamento da Elos Ayta.
O lucro em dólares da estatal brasileira foi de US$ 25,7 bilhões, “ficando atrás apenas da Exxon Mobil, que registrou um lucro de US$ 36 bilhões no mesmo período”, de acordo com Rivero. No levantamento feito por ele, é importante destacar que a queda no lucro da Petrobras, de 28,7%, é uma das menores dentro dessa amostra.
“Apenas três empresas tiveram um desempenho melhor que a estatal brasileira: a Canadian Natural Resources, com queda de 23,0%; a EOG Resources dos EUA, com queda de 2,1%; e a BP Plc, que, após prejuízo no ano anterior, registrou crescimento de lucratividade”, informou o economista. Outras empresas enfrentaram desafios mais significativos, segundo ele, como a Occidental Petroleum, que teve o maior tompo na rentabilidade no ano passado, de 64,7%, enquanto a líder da amostra, Exxon Mobil, registrou uma queda de 35,4%.
Uma Eletrobras de dividendos
De acordo com outro levantamento de Rivero, o volume de dividendos pagos pela Petrobras no ano passado daria para comprar uma Eletrobras, atualmente avaliada em R$ 98,9 bilhões. Em 2023, a estatal pagou R$ 98,1 bilhões em dividendos aos acionistas, dado 49,5% inferior aos R$ 194,6 bilhões pagos em 2022.
Nos últimos três anos, a estatal distribuiu dividendos significativos. Em 2022, a empresa foi a maior distribuidora de dividendos aos seus acionistas na América Latina e nos EUA, de acordo com Rivero.
O volume de dividendos somados da estatal entre 2010 e 2020 foi de R$ 59,2 bilhões, um valor inferior ao desembolsado em 2021, quando a empresa pagou R$ 72,7 bilhões.
De acordo com o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos dos Santos, “apesar da venda de ativos estratégicos e descapitalização via pagamento de megadividendos, a Petrobras mostrou resiliência, ampliou investimentos e fechou 2023 com um lucro líquido positivo de R$ 124,6 bilhões, o segundo maior de sua história.
“A expectativa do Ineep é que a companhia retome um forte plano de investimentos, tanto na direção da garantia da segurança energética nacional quanto da economia de baixo carbono”, acrescentou o técnico, em nota. Ele prevê que, na próxima Assembleia Geral Ordinária (AGO) agendada para 25 de abril, a distribuição de dividendos pode alcançar R$ 72,4 bilhões, “valor inferior aos dividendos extraordinários pagos no último biênio (média anual de R$ 155,7 bilhões mas 12 vezes maior que a média observada entre 2003 e 2020 (R$ 5,9 bilhões)”.