Em dia de mau humor, dólar sobe e bolsa cai

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GABRIEL PONTE

Em um dia marcado pelo mau humor externo, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) interrompeu o rali (intensa compra e venda de ativos) observado nos dias anteriores. O Ibovespa, principal índice do pregão paulista, encerrou a terça-feira com queda de 0,35%, aos 85.300 pontos. Já o dólar fechou os negócios a R$ 3,697 para venda, com leve alta de 0,22%. No exterior, a preocupação com as contas públicas italianas, o crescimento moderado da economia chinesa e o Brexit mobilizaram a atenção dos investidores.

Na visão de Newton Rosa, economista-chefe da Sulamérica Investimentos, a precificação da eleição de Bolsonaro, pelo mercado, fez com que o cenário doméstico seja colocado em segundo plano em um dia de mercado internacional agitado. “Acho que a questão eleitoral perdeu força, exatamente porque as pesquisas mostram a consolidação da vitória de Bolsonaro. Então, o setor externo está dando mais peso do que os temas domésticos. Percebemos, ontem, uma aversão ao risco muito grande em função da questão da Itália (a Comissão Europeia rejeitou, na terça, o plano de orçamento apresentado pelo país em 2019), além da queda da Bolsa chinesa. Os investidores buscam ativos mais seguros, fugindo dos emergentes. Assim, é natural que o dólar pressione e a Bolsa caia”, explica.

Ainda durante o pregão, as ações preferenciais da Petrobras (-1,24%), que foram as mais negociadas do dia, e as ordinárias da Vale (-2,78%) puxaram para baixo o desempenho do Ibovespa. No caso da petrolífera, destaque negativo para a queda do barril do petróleo tipo WTI para dezembro, com recuo de 4,22%, depois do anúncio da Arábia Saudita de que continuará a produzir a commodity e não restringirá a oferta.

Para Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, apesar de ter fechado em alta, o dólar está sendo negociado dentro de um intervalo otimista. “A moeda vem oscilando entre R$ 3,65 e R$ 3,70. Porém, na minha opinião, concretizando-se a vitória de Bolsonaro no domingo, vamos viver dois dias de “lua de mel” na Bolsa e, depois, os investidores já devem começar a precificar as expectativas do que será feito em um eventual governo dele”, afirma. De acordo com a estrategista, o mercado deve “andar de lado” nesta semana, em compasso de espera, aguardando o resultado do pleito final.

Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modal Mais, explica que a atitude dos investidores no pregão de terça-feira foi de realização de lucros. “Na última sexta-feira, 19, os investidores estrangeiros sacaram muito dinheiro na Bolsa. Então, foi normal que houvesse um certo reposicionamento de investidores. Mesmo assim, ainda acho que estamos na contramão em comparação ao cenário estrangeiro, como Ásia e Europa, que caíram muito”, relata.

Brasília,

Vicente Nunes