A decisão do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, de acatar determinação da Justiça para suspender a flexibilização de várias atividades econômicas, foi mais do que acertada. Dados da Secretaria de Saúde da capital do país mostram que, entre terça e quarta-feiras, nove pessoas morreram em casa vitimadas pela doença.
Isso significa dizer que, entre cada 10 mortes registradas em 24 horas no DF, quase três foram em casa, sem atendimento médico. No total, foram computadas 34 mortes no Distrito Federal (o número sobre para 38, quando incluídas vítimas de cidades do Entorno) entre terça e quarta-feiras últimas.
O número de pessoas morrendo em casa, sem atendimento, não está chamando a atenção apenas no Distrito Federal. Em quatro capitais — São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Fortaleza —, os óbitos em casa aumentam, em média, 53% entre 15 de março e 13 de junho. Foram quase 10 mil mortes em domicílios no período.
Os dados dessas quatro capitais foram consolidados pelo epidemiologista Jesem Orellana, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Amazônia. As 9.773 mortes neste ano são 53% maiores do que as 6.378 registradas no mesmo período do ano passado.
Mortes em casa tem a vez com a pobreza
A morte dessas pessoas em casa confirma a falta de planejamento do sistema de saúde em meio a uma pandemia tão séria, como a do novo coronavírus. E, sobretudo, à pobreza. Muitas não tem nem condições de se deslocarem até os locais nos quais poderiam receber tratamento.
Quanto mais permissivos forem governadores e prefeitos com a covid-19, de olho apenas em dividendos eleitorais, maior será o número de mortes em casa pela doença. Na região Centro-Oeste, particularmente, a situação é dramática.
No Mato Grosso, por falta de leitos disponíveis, infectados pelo novo coronavírus — alguns, em estado grave — estão sendo transferidos para outros estados, como Mato Grosso do Sul e Goiás, onde a situação também é preocupante, resultado do descaso de governantes e da falta de consciência das pessoas.
Brasília, 11h01min