O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sempre foi visto com bons olhos pelo mercado financeiro. Mas, de uns meses para cá, a desconfiança em relação a ele começou a dar as caras, diante do que os operadores consideram “política errática dos juros”.
Para analistas, o BC tem errado demais nas previsões de inflação e isso tem feito com que o Comitê de Política Monetária (Copom) esteja atrasado no aumento da taxa básica de juros juros (Selic) para conter a inflação, que encosta nos 10%, o que alimenta a onda de incerteza que tem feito estragos na economia.
Um grupo de especialistas acredita que o BC deveria ter sido mais agressivo nas últimas elevações da Selic, que está em 6,25% ao ano, para conter, sobretudo, as estimativas de inflação de 2022 e 2023. Para este ano, o BC já jogou a toalha e espera alta de 8,5% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Campos Neto tem dito, de forma recorrente, que o BC levará os juros até onde for necessário para colocar a inflação na meta, de 3,5%, no que vem. Mas, segundo operadores, isso exigirá uma Selic próxima de 10% ano. O que eles se perguntam é se o presidente da autoridade monetária terá coragem de ir tão longe sendo 2022 um ano eleitoral.
Juros de 10% ao ano jogarão a economia bem próxima da estagnação ou mesmo na recessão e, mesmo assim, não há garantias de que a inflação ficará na meta. Um quadro preocupante para o presidente Jair Bolsonaro, que tentará a reeleição.
Para alguns analistas, pelo Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (30/09), ficou a percepção de que o presidente do BC está disposto a ir com os juros até 8,5% ao ano, com todos os aumentos sendo feitos ainda neste ano.
Se a inflação realmente cair, haveria, no entender desses especialistas, a possibilidade de, mais próximo das eleições, o BC cortar a Selic para agradar Bolsonaro. Esse pensamento está cada vez mais presente no mercado. Portanto, diz um operador, “em 2022, vamos ver até que ponto Roberto Campos Neto é bolsominion”.
Brasília, 21h01min