Eleitor quer terceira via, mas candidatos precisam ser mais conhecidos

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ROSANA HESSEL

A corrida para as eleições de 2022 já começou mais de 30% do eleitorado brasileiro está à procura de uma terceira via como candidato, mas ela ainda precisa ser viabilizada, de acordo com a Pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (7/7), resultado de parceria entre o banco Genial Investimentos e a Quaest Consultoria e Pesquisa.

O novo levantamento revela que 41% dos entrevistados torcem para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença. Enquanto isso, 24%, preferem o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Por outro lado, 31% não querem nem Lula nem Bolsonaro.

“Isso mostra que a terceira via ainda está em construção. Há um grande problema, quando testamos os nomes prováveis para essa alternativa, existe muito desconhecimento dos eleitores sobre os potenciais candidatos”, destacou Felipe Nunes, coordenador da pesquisa e CEO da Quaest.

De acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os candidatos que querem ser essa terceira via já deveriam ter iniciado a campanha para tornarem-se conhecidos e  terem as respectivas candidaturas viabilizadas. “A eleição já começou e os candidatos estão perdendo tempo, porque existe demanda, mas não tem oferta”, alertou Nunes. Para ele, os potenciais nomes para a terceira via já deveriam estar em campanha e rodando o país, porque, se esperarem 2022 para tentarem ser conhecidos pela população, não terão chances.

O cientista político destacou que Lula ganha a dianteira porque é mais conhecido e tem menos rejeição do que Bolsonaro, mas está próximo do limite de aprovação e, portanto, não deve crescer muito mais nas intenções de voto. Em uma pesquisa estimulada, a preferência pelo petista gira entre 43% a 45%  nos diferentes cenários pesquisados. Já Bolsonaro, tem de 28% a 29% das intenções de voto. Em terceiro lugar, Ciro Gomes tem de 10% a 11% da preferência. Os primeiros nomes cogitados para essa terceira via, entretanto, ainda são meros desconhecidos para a maioria da população, segundo Nunes.

No estudo, foram testados os nomes de Ciro Gomes, o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta; o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; e o governador de São Paulo, João Doria Jr.; , o presidente do Congresso, o senador Rodrigo Pacheco; e o senador Tasso Jereissati (PSDB).  Entre eles, Dória é o mais conhecido entre os entrevistados, com 20% das respostas de que conhecem o político, e Pacheco o menos conhecido, com 2% das confirmações.

Conforme dados da pesquisa, Lula venceria Bolsonaro em todos os cenários no primeiro turno, e, no segundo turno, teria 53% da preferência contra 33% do atual presidente. Ciro Gomes também venceria Bolsonaro em um segundo turno, com 44% contra 36%. Dória e Mandetta empatariam com Bolsonaro.

Para ser viabilizada e ter chances de verdade, essa terceira via precisará ser antipetista para atrair aqueles não querem votar em Bolsonaro nem em Lula, de acordo com Nunes. Segundo ele, Ciro Gomes já percebeu isso e vem procurando ser essa opção ao tentar se distanciar do PT e de Lula. “Ciro tem dificuldade em se tornar essa alternativa, porque já foi petista e portanto, não é autêntico”, afirmou.

A nova pesquisa realizou entrevistas presenciais 1,5 mil pessoas maiores de 16 anos nos 27 entes federativos, totalizando 95 cidades pelo país. O estudo utiliza uma metodologia inédita desenvolvida com base em ferramentas de correção dos substratos pesquisados conforme as pesquisas forem realizadas. As mulheres representaram 53% do total e os homens, 47%.

Vicente Nunes