HAMILTON FERRARI E ROSANA HESSEL
O dólar fechou o dia beirando os R$ 3,60, levando os economistas revisarem a expectativa de novo corte da Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre nos dias 15 e 16 de maio. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tem dito que haverá um redução de 0,25 ponto percentual na Selic, saindo de 6,5% ao ano para 6,25% ao ano. Apesar disso, analistas estudam se não é mais prudente interromper o ciclo de ajuste monetário.
Em meio às incertezas no mercado interno e externo, a moeda norte-americana testou novo patamar acima de R$ 3,60, mas terminou o dia com alta de 0,67%, cotada a R$ 3,594. De um lado, o real se desvaloriza frente ao dólar, pressionando a inflação. Do outro, a economia ainda caminha em passos lentos, o que ficou demonstrado na divulgação dos indicadores com os dados do primeiro trimestre deste ano.
De acordo com o economista-chefe da Nova Futura, Pedro Paulo Silveira, o mercado já está contando na manutenção da Selic, apesar da sinalização dada pelo presidente do BC. “Na minha visão, faz mais sentido num ambiente de incertezas maior deixar a Selic como está, até porque são 0,25 ponto percentual, não é um corte brutal. Não vejo como algo muito prejudicial para o crescimento da economia”, alegou.
Outros analistas são mais enfáticos. O economista e diretor-executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme, declarou que seria uma “irresponsabilidade” do BC reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual em um momento de instabilidade no cenário externo. “Especialmente porque a autoridade monetária não tem tido pulso firme para pressionar os bancos a reduzir os spreads bancários. Não tem cabimento os juros do cartão de crédito estarem a mais 300% ao ano, enquanto a Selic está em 6,5% anuais”, reforçou.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) terminou o dia em alta de 1,44%, aos 84.149 pontos.
Brasília, 17h49min