ROSANA HESSEL
Após o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ter apresentado queda de 0,1% no segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores, frustrando as expectativas do mercado, o Ministério da Economia tentou minimizar esse recuo na margem divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (01/09). A pasta focou o argumento nos dados positivos do setor de serviços, assim como a manutenção dos dados no patamar pré-crise, e ainda afirmou que a recuperação vem ocorrendo “via setor privado”.
“Embora o resultado do segundo trimestre tenha sido marginalmente negativo, importa observar a qualidade do crescimento econômico desde a retomada no terceiro trimestre de 2020. A recuperação econômica tem ocorrido via setor privado, com aumento do investimento e da poupança”, destacou a Nota Informativa divulgada pela Secretaria de Política Econômica (SPE). Conforme dados do IBGE, taxa de poupança ficou em 20,9% do PIB no segundo trimestre, e a de investimento, em 18,2% do PIB.
De acordo com o documento da SPE, apesar da queda na indústria de transformação, devido à escassez de matérias primas, e da quebra de safra no café, que ajudou no recuo de 2,8% do setor agropecuário, “destaca-se que a vacinação em massa tem possibilitado o fortalecimento dos serviços”.
Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, após o resultado negativo da atividade do segundo trimestre, admitiu que as projeções para o PIB deste ano devem ser revisadas para baixo novamente. “A projeção do PIB para 2021 estava em 5,22%, com o número de hoje achamos que pode ser revisada um pouquinho para baixo, vamos observar”, afirmou o ministro, hoje, em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Ele citou a mediana atual das previsões do mercado no boletim Focus divulgada ontem, de 5,22%. Essa estimativa foi reduzida pela terceira semana consecutiva, refletindo uma frustração com o processo de retomada do PIB neste ano.
O resultado abaixo das estimativas do PIB do segundo trimestre, colocou o Brasil abaixo da média no ranking global levantado pela Austin Rating.
Conforme a nota da SPE, o governo projeta continuidade do bom desempenho do setor de serviços ao longo de 2021. “Espera-se que o setor industrial volte a contribuir positivamente a partir do terceiro trimestre, devido à expectativa dos industriais de maior demanda. Dessa forma, o emprego no setor informal deverá se recuperar mais rapidamente, à medida que a atividade de serviços se fortaleça”, apostou.
O documento da SPE destacou também que houve “melhora relevante nos indicadores de mercado de trabalho ao longo do segundo trimestre, com crescimento do número de empregos formais e informais”. Os dados do IBGE divulgados ontem, no entanto, mostram leve recuo na taxa de desemprego, para 14,1%, atingindo 14,4 milhões de brasileiros. O órgão ainda informou que a população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas cresceu 7,3% no trimestre móvel encerrado em junho, somando 7,5 milhões de pessoas, recorde da série iniciada em 2012.
De acordo com o informativo, o crescimento do PIB acumulado em quatro trimestres “mostra a boa posição da economia brasileira”. “Essa melhora da retomada é fruto de medidas que buscam a melhor alocação de recursos, seja pelo aumento da produtividade através de reformas pró-mercado ou pela consolidação fiscal”, destacou.
O órgão ressaltou que, para reverter de forma sustentável o diagnóstico do baixo crescimento da economia brasileira, “é necessário combater as causas da baixa produtividade e da má alocação de recursos”. “Para isso, não há outro caminho que resulte em elevação do bem-estar dos brasileiros a não ser por medidas que busquem a melhor alocação de recursos e incentivem a expansão do setor privado, por meio das reformas pró-mercado e da consolidação fiscal”, completou.
Veja a íntegra da Nota Informativa da SPE divulgada após os dados do PIB.