DENISE ROTHENBURG
O manifesto que o PT preparou em busca das assinaturas de todos os partidos com viés de esquerda foi rejeitado pelo PSB e pelo PDT. A Rede segue pelo mesmo caminho. “Achamos que Lula deve disputar a eleição, mas o manifesto mistura uma série de assuntos. Não vamos apoiar o manifesto. Se alguém o fizer, será individualmente”, diz o presidente socialista, Carlos Siqueira.
O documento recebido pelos presidentes dos partidos não começa com o cerne da questão, o direito de um líder popular ser candidato a presidente. As primeiras linhas atacam diretamente o governo “ilegítimo de Temer, ataques e retrocessos de toda a ordem” — retrocesso, aliás, que muitos integrantes de partidos ditos “de esquerda” não vêem dessa forma.
O texto menciona que Aécio Neves e Temer seguem em suas posições, intocáveis. Nos bastidores, muitos discordaram inclusive desses termos. Até porque Temer e Aécio tiveram e têm seus dissabores. Do grupo de Temer, Geddel Vieira Lima está na cadeia, assim como os ex-deputados Henrique Eduardo Alves, Eduardo Cunha e Rodrigo Rocha Loures.
O próprio presidente respondeu a uma série de questões à Justiça sobre o decreto de Portos. E quanto a uma série de retrocessos, os números da economia indicam o oposto. A radicalização que o PT pretende levar às ruas em 24 de janeiro, dia do julgamento de Lula, misturando tudo num só balaio não encontra eco. Ou o partido foca no essencial, ou não agregará.
Brasília, 06h08min