O presidente Jair Bolsonaro provou, mais uma vez, que o que ele fala não se escreve. Fez o maior barulho em torno de sua decisão de demitir o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, mas acabou piando fino. O executivo continuará no cargo.
Mais: o programa de demissão voluntária de até 5 mil empregados do Banco do Brasil e a promessa de fechamento de 361 pontos de atendimento, sendo 112 agências, continuam em andamento, sem qualquer sinal de recuo.
Em seus rompantes, Bolsonaro disse que era inaceitável fechar 5 mil postos de trabalho no Banco do Brasil num momento em que o país enfrenta desemprego recorde. Puro proselitismo. O presidente não está nem aí para quem perdeu o emprego.
O que realmente mexeu com Bolsonaro foi a possibilidade de o projeto de reestruturação do Banco do Brasil atrapalhar seus planos de eleger o deputado Arthur Lira presidente da Câmara dos Deputados. O presidente quer porque quer controlar o Legislativo.
Mas, com as chances reais de Lira sair vencedor da disputa com Baleia Rossi, protegido do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o presidente da República já virou a página em relação ao Banco do Brasil. Não está nem mais interessado em saber o que se passa na instituição.
Se o Brasil fosse, realmente, um país sério, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula e fiscaliza o mercado de capitais, teria cobrado explicações de Bolsonaro. Afinal, seu pseudo ataque só fez a festa dos especuladores da Bolsa de Valores. No dia, as ações do BB caíram quase 5%. E a CVM manteve um silêncio sepulcral.
Brasília, 15h51min