A sucessão de Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda — ele vai se desligar do cargo e se filiar ao MDB no início de abril — alargou o fosso que separa a pasta e o Planejamento. Integrantes da equipe do ministro Dyogo Oliveira andam incomodados com o que chamam de “fofoca” com o intuito de queimá-lo. A equipe de Meirelles não aceita ser chefiada por Dyogo.
Segundo assessores de Dyogo, “enquanto a equipe do ministério da Fazenda está preocupada em mandar recados pela imprensa sobre a sucessão de Meirelles e garantir os empregos, o ministro do Planejamento tem tido uma agenda intensa de encontros”. Eles dizem que, somente neste mês de março, Dyogo foi falar de oportunidades na economia brasileira e de investimentos em infraestrutura em Toronto, em Nova York e em Mendoza, ali numa reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Além disso, destacam os assessores de Dyogo, o ministro tem se reunido frequentemente com banqueiros e empresários. “Nesta segunda-feira, 26, enquanto a corrida pelo comando da Fazenda corre solta, Dyogo está trabalhando normalmente e detalhando o último relatório de receitas e despesas para economistas-chefes de bancos e corretoras em São Paulo”, diz um dos assessores.
Para os defensores de Dyogo, não interessa ao ministro entrar nessa “fofoca”. O que importa é mostrar resultados. E isso, segundo eles, Dyogo tem de sobra. Foi dele, por exemplo, a ideia de liberar recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), dinheiro que ajudou a impulsionar o consumo das famílias e, por tabela, o Produto Interno Bruto (PIB).
O comando da Fazenda está sendo disputado por Eduardo Guardia (secretário executivo) e Mansueto Almeida (Acompanhamento Fiscal). Eles não aceitam que a pasta venha a ser chefiada por alguém de fora, nem mesmo por Dyogo Oliveira, apadrinhado do senador Romero Jucá (MDB-RR). A equipe toda de Meirelles ameaça de demitir se a sucessão na Fazenda não priorar alguém que já está no time do ministro-candidato.
Brasília, 15h31min