Dólar volta a subir e ignora o BC. Bolsa tem alta de 1%

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No dia em que o Banco Central definirá os rumos da taxa básica de juros (Selic), os investidores decidiram ampliar a pressão sobre o dólar e levaram a moeda norte-americana a encostar, novamente, nos R$ 3,80. Depois de um intenso sobre e desce, o dólar cravou R$ 3,78 no fim das negociações, com valorização de 0,88%, independentemente da venda de contratos de swap pela autoridade monetária.

Os investidores, segundo os especialistas, não querem pagar para ver, sobretudo diante do temor de que o Supremo Tribunal Federal (STF) libere o ex-presidente Lula da prisão. No entender dos donos do dinheiro, com Lula solto, as eleições podem tumultuar ainda mais. Hoje, não há nenhum candidato entre os líderes das pesquisas de intenção de votos que seja apoiado pelo mercado. O jeito, portanto, é se proteger com dólar.

A Bolsa de Valores também sofreu com as incertezas políticas e com o clima tumultuado no exterior, devido à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do planeta. O Ibovespa, índice que mede a lucratividade das ações mais negociadas no pregão paulista, chegou a operar no vermelho, mas recuperou o fôlego e computou alta de 1,02%, sustentando os 71.123 pontos.

Na avaliação dos analistas, não haverá dias tranquilos até as eleições. E o quadro pode piorar se o candidato vencedor nas urnas não se comprometer com reformas como a da Previdência Social para ajustar as contas públicas. Portanto, os investidores terão que manter o sangue frio. Qualquer passo em falso pode resultar em prejuízos.

Teoricamente, a manutenção dos juros pelo BC em 6,50% ao ano favorece o mercado de ações e contribui para derrubar o dólar. Mas o quadro político e econômico está tão embolado, que fica difícil prever qualquer comportamento racional neste momento.

O governo acredita que, com as atuações do BC no câmbio, o dólar tende a amenizar as altas. Como diz um integrante da equipe econômica, o dólar não está proibido de subir. O que não pode, e o BC não vai deixar, é os preços da moeda norte-americana dispararem, como ocorreu há duas semanas, quando as cotações encostarem nos R$ 4.

Brasília, 17h20min

Vicente Nunes