O tamanho do nervosismo do mercado assustou o Palácio do Planalto, que pediu uma ação mais concreta do Banco Central para conter os estragos. Não por acaso, o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, convocou uma entrevista coletiva para às 18h30, depois dos fechamentos dos mercados. Ilan deve anunciar uma ação mais dura no mercado de câmbio para reduzir a volatilidade da moeda norte-americana, que já afeta a inflação e estimula debates entre os investidores sobre possível aumento dos juros.
O governo só esperava que o dólar atingisse os R$ 4 mais próximo das eleições, entre agosto e setembro. Mas a falta de um candidato competitivo nas eleições comprometido com reformas e a liderança de Jair Bolsonaro e Ciro Gomes nas intenções de votos estão enlouquecendo os investidores, que buscam proteção na moeda norte-americana. Agora, integrantes do governo já falam na possibilidade de o dólar atingir R$ 5 se realmente Ciro e Bolsonaro forem para o segundo turno.
A onda de desconfiança que varre o mercado pega o país em um momento delicado. O governo está completamente perdido, criando uma confusão atrás da outra depois da greve dos caminhoneiros, e não conseguiu resolver os problemas fiscais. A situação se agrava porque os investidores estrangeiros estão cada vez mais arredios a países emergentes, ante a perspectiva de aumento mais forte das taxas de juros nos Estados Unidos.
A situação está tão dramática, que o governo não está conseguindo colocar títulos públicos no mercado. Na verdade, o Tesouro Nacional está sendo obrigado a recomprar papéis, porque os investidores não querem ficar com mais prejuízos. O governo, inclusive, teve que suspender as negociações de títulos do Tesouro Direto.
Brasília, 17h59min