Dólar dispara e atinge R$ 3,60. Real tem pior desempenho entre moedas globais

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O governo está em alerta: o dólar rompeu nesta quarta-feira (9/5) a barreira de R$ 3,60, refletindo todo o nervosismo dos investidores. O principal motivo apontado pelos analistas para a nova arrancada da moeda norte-americana é a sinalização do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, de que o Comitê de Política Monetária (Copom) cortará mais uma vez a taxa básica de juros (Selic) na semana que vem, para 6,25% ao ano.

Segundo os especialistas, como os Estados Unidos estão em processo de elevação dos juros, ficará mais vantajoso deixar o dinheiro aplicado no mercado norte-americano. A perspectiva é de que a diferença de juros entre os EUA e o Brasil fique mínima. Mas como a maior economia do mundo é considerada mais segura para o capital, está atraindo recursos que hoje circulam pelos países emergentes, como Brasil, Argentina e Turquia.

Com o desempenho de hoje, o real passou a ter o pior desempenho no ano entre as moedas globais. Do piso da cotação do dólar, em janeiro, de R$ 3,13, a divida dos EUA já subiu 15%. Nem o peso argentino nem a lira turca perderam tanto valor em relação à moeda norte-americana. A Argentina enfrenta uma séria crise cambial, a ponto de o presidente do país, Maurício Macri, pedir socorro ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A Turquia restringiu o número de operações com dólar pelos bancos.

Por aqui, o Banco Central diz que está tudo bem, que não há motivos para preocupação, pois a instituição tem todos os instrumentos para conter movimentos atípicos no câmbio. Um desses instrumentos é o contrato de swap, que voltou a ser vendido pelo banco. Por meio dele, o BC aposta na queda da moeda norte-americana e na alta dos juros. Os analistas, porém, já veem impacto importante do dólar na inflação. Tanto que começam a cogitar a alta dos juros a partir do fim deste ano ou no início de 2019.

Vicente Nunes