Segundo analistas, há um quadro de comoção no mercado financeiro diante do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do habeas corpus impetrado pela defesa do es-presidente Lula. Teme-se que, além de se livrar da cadeia, mesmo tendo sido condenado em segunda instância, o petista possa disputar a Presidência da República em outubro próximo.
Na visão do mercado, não haverá trégua por parte de Lula e do PT. A expectativa é de que o processo eleitoral seja tumultuado, sem chances de um candidato reformista conseguir emplacar o seu discurso. O maior medo dos analistas é o de que o país passe a ser comandado por um grupo radical, de esquerda ou de direita, a partir de 2019.
Nenhum dos candidatos de centro-direita anima o mercado. O quase ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se filiou ao MDB nesta terça-feira, mas não conseguiu empolgar. Por mais que considerem Meirelles o candidato ideal, capaz de conduzir o país por um caminho sem turbulências, são quase remotas as chances de ele vencer a disputa.
Na verdade, dizem os analistas, a filiação de Meirelles sequer garante a candidatura dele ao Palácio do Planalto. Apesar de bombardeado pela prisão de seus amigos, o presidente Michel Temer continua com sérias intenções de ser o candidato do MDB, tendo, possivelmente, Meirelles como vice.
Para integrantes do mercado, o melhor seria que Lula fosse preso logo, saindo do jogo eleitoral, abrindo espaço para que candidatos mais comprometidos com as mudanças estruturais do país possam emergir. O problema é que os analistas acreditam que o STF tenderá, por seis votos a cinco, a manter o petista livre das grades. Nesse ambiente complicado, os investidores estão preferindo buscar proteção no dólar.
Brasília, 18h36min