Dólar cai e bolsa sobe. Impeachment dá o tom dos negócios

Publicado em Economia

Os investidores já dão como certo a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff pelo Senado. O discurso da petista, carregado de emoção e de fortes acusações contra o atual governo, não deve mudar a decisão da maioria dos senadores. A leitura dos investidores é de que, mesmo com toda a disposição de Dilma de responder as perguntas dos parlamentares, ela só está confirmando a incapacidade para voltar ao comando do país.

 

O Ibovepa, índice de mede a lucratividade das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), está operando (às 15h37) com alta de 1,79%, nos 58.747 pontos. O dólar, cotado a R$ 3,241 para venda, cai 0,84%. Esses números, ressaltam os analistas, não podem ser vistos como um sinal de euforia. Primeiro, porque o mercado já antecipou a saída de cena da petista. Segundo, porque o capital é arisco e está esperando pela decisão final do Senado.

 

Os investidores, na verdade, estão mais preocupados com o que virá pós-impeachment. Apesar de o presidente interino, Michel Temer, e de o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ratificarem, constantemente, que o ajuste fiscal é para valer e que já há um compromisso da base aliada para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento de gastos à inflação do ano anterior, o sentimento de desconfiança permanece latente. Não sem motivo.

 

O PMDB, partido de Temer, já deixou chegar aos ouvidos do interino e de Meirelles que não dará aval para a PEC. Não do jeito que ela foi apresentada ao Legislativo. O mesmo PMDB está trabalhando pesado para aprovar o aumento dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que terá impacto devastador nas contas públicas, pois elevará o teto do funcionalismo e vai contaminar estados e municípios.

 

Esse fogo amigo, dizem os analistas, é terrível. Foi ele quem inviabilizou, em muitos momentos, o governo de Dilma Rousseff. O grande temor é que o PMDB se transforme para Temer no que foi o PT para a petista. A torcida é para que o peemedebista tenha força suficiente para conter qualquer rebelião e consiga aprovar a PEC dos gastos rapidamente e, assim, abrir as portas para batalhas ainda mais pesadas, como a reforma da Previdência.

 

Brasília, 15h37min