ROSANA HESSEL
O presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil, Hélio Magalhães, e o conselheiro independente José Guimarães Monforte, entregaram a carta de renúncia nesta quinta-feira (01/04). Ambos estavam na lista dos conselheiros que não seriam reeleitos na próxima assembleia de acionistas, marcada para o próximo dia 28, e resolveram não esperar o fim do mandato.
Conforme comunicado ao mercado assinado pelo gerente geral de Relações com Investidores, Daniel Alves Maria, a renúncia dos dois conselheiros tem efeito a partir de sexta-feira (02/04).
O conselho do BB é composto por oito integrantes e as renúncias de Magalhães e Monforte, que foi indicado pelo Ministério da Economia, ocorre um dia após o fim do mandato de André Brandão, que também tinha assento no colegiado.
Outros dois conselheiros, Luiz Serafim Spinola Santos e Paulo Roberto Evangelista, criticaram junto com Magalhães e Monforte a escolha do presidente Jair Bolsonaro para o substituto de Brandão: Fausto Ribeiro, que, apesar de ser funcionário de carreira da instituição, não teve o aval do Conselho e a expectativa era que o Palácio do Planalto publicasse a nomeação ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da União. Segundo eles, Ribeiro é desqualificado para o cargo.
Interferências
Na carta de renúncia, Hélio Magalhães não poupou críticas às interferências do governo no BB e apontou “várias tentativas de desrespeito à governança corporativa”, citando como exemplo interferências na execução do plano de eficiência da companhia aprovado pelo Conselho.
O conselheiro fez questão de afirmar que, mesmo se o controlador sinalizasse que ele seria reconduzido à presidência do Conselho, não mudaria de decisão, pois ela é resultado do “reiterado descaso com que o acionista minoritário vem tratando não apenas a instituição, mas também outras importantes estatais de capital aberto e seus principais administradores”. Ele alegou que, quando assumiu o cargo, tinha o compromisso de elevar o padrão de governança e melhorar a eficiência do banco, contudo, percebeu que essa não são mais as prioridades do acionista controlador.
No fim do documento, Magalhães escreveu que deixa o BB com pesar, “mas convicto de ter tomado a decisão mais acertada no momento”.