Enquanto os chefes de governo dos países mais ricos do mundo estavam acompanhados de dois, no máximo três, diplomatas, a comitiva brasileira tinha mais de duas dezenas. Não sem razão: o Brasil é o único país do mundo que tem dois cerimoniais para tratar de viagens presidenciais.
Há o cerimonial do Itamaraty, chefiado pelo embaixador João Mendes Pereira, e o cerimonial da Presidência da República, comandado pelo embaixador Pompeu Andreucci Neto. Os dois cerimoniais fazem praticamente a mesma coisa quando se trata de viagem ao exterior do presidente.
Constrangimento
Em todas as viagens, as duas equipes são deslocadas para o exterior. Em Nova York, ocuparam 22 quartos de hotel. Tudo pago pelos cofres públicos. Há tanta gente nas comitivas que a bateção de cabeça é grande. No fundo, a maioria dos diplomatas é usada para carregar malas dos chefes. Um desperdício de mão de obra e de dinheiro de impostos.
O excesso de pessoas nas comitivas brasileiras sempre é alvo de chacota por parte de diplomatas de outros países, nos quais o dinheiro público é tratado com respeito. Por protocolo, por exemplo, quando um chefe de Estado está em visita oficial a outro país, o carro do cerimonial vai na frente, abrindo alas. No caso do presidente do Brasil, vão dois.
Isso resulta em constrangimentos, inclusive para autoridades brasileiras. Como o serviço de cerimonial é duplo e não se entende, recentemente, em Nova York, os ministros Moreira Franco (secretário-geral da Presidência), Torquato Jardim (Justiça) Maurício Quintela (Transportes) foram barrados na entrada do Hotel Four Season, no qual o Temer estava hospedo. Tinha tanta gente nas comitivas, mas ninguém para evitar o vexame.
Brasília, 19h04min