A decisão do governo de liberar R$ 16 bilhões do PIS e do Pasep para aposentados pode dar um bom alívio no orçamento deles. Dados do Banco Central mostram que esse público continua se endividando — e muito. No total, aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) devem, apenas no crédito consignado, R$ 111,3 bilhões aos bancos.
Somente nos sete primeiros meses deste ano, os débitos de aposentados e pensionistas do INSS aumentaram R$ 10,3 bilhões, crescimento mensal de R$ 1,48 bilhão. Ainda que os empréstimos consignados tenham uma das menores taxas de juros do mercado, esse incremento assusta.
Na maior parte dos casos, aposentados e pensionistas são arrimos de família. E são obrigados por filhos, netos e bisnetos a se endividarem além da conta. Quando a capacidade de tomar empréstimos acaba, os idosos passam a ser vítimas de violência doméstica.
No entender dos especialistas, o governo deveria controlar melhor esses empréstimos, e não apenas incentivá-los. Além de familiares, também os bancos forçam os idosos a tomaram empréstimos, vendem facilidades como se o crédito fosse uma panaceia. Na média, os bancos cobram 27,8% de juros ao ano desse público.
Muito cuidado
Por lei, aposentados e pensionistas podem comprometer, no máximo, 35% da renda (aí incluídos dos débitos em cartão de crédito) com empréstimos consignados. Mas há suspeitas de que esse teto não esteja sendo respeitado. Interessa para os bancos empurrar o máximo de dívidas para a clientela que têm renda fixa.
Os especialistas recomendam muita cautela a aposentados e pensionistas para não caírem em armadilhas. Dizem, ainda, que os idosos devem resistir às pressões das famílias, ainda que, em muitos casos, isso seja difícil.
Pelos dados do Banco Central, a inadimplência no crédito consignado para segurados do INSS é mínima, de apenas 1,9%. Isso é um dos motivos principais para que os bancos insistam em oferecer uma enxurrada de empréstimos a esse público.
Brasília, 13h01min