ROSANA HESSEL
O principal indicador de endividamento do país, a dívida pública bruta apresentou redução em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), mas continua batendo recorde em valores nominais. Em agosto, conforme dados do Banco Central divulgados nesta sexta-feira (30/9), somou R$ 7,231 trilhões, o equivalente a 77,5% do PIB, novo recorde.
A taxa está abaixo dos 78,2% do PIB contabilizados em julho, devido ao aumento pela inflação do PIB nominal usado como denominador do cálculo. Naquele mês, a dívida bruta somou R$ 7,217 trilhões. No acumulado do ano, a dívida pública bruta aumentou R$ 265 bilhões. Enquanto isso, a dívida pública líquida somou R$ 5,4 trilhões e atingiu 58,2% do PIB, dado 0,5 ponto percentual acima do registrado no mês anterior.
Conforme dados do Banco Central, o setor público consolidado — que inclui os governos federal e regionais e estatais – registrou superavit primário de R$ 30,3 bilhões em agosto, dado 81,4% acima do saldo positivo registrado em agosto de 2021.Enquanto o governo federal apresentou rombo fiscal de R$ 49,8 bilhões, os governos regionais e as estatais tiveram superavits de R$ 18,5 bilhões e de R$ 970 milhões, respectivamente.
Nos 12 meses encerrados em agosto, o superavit primário do setor público consolidado somou R$ 183,5 bilhões, equivalente a 1,97% do PIB, de acordo com o BC.
Os juros nominais do setor público consolidado, apropriados por competência, somaram R$ 35,6 bilhões em agosto de 2022, comparados a R$ 46,5 bilhões em agosto de 2021. Segundo o BC, contribuiu para a redução dos juros no período a melhora no resultado das operações de swap cambial (ganho de R$ 11,3 bilhões em agosto de 2022 e perda de R$ 7,6 bilhões em agosto de 2021).
No acumulado em 12 meses até agosto, a conta de juros nominais somou R$ 575,6 bilhões, o equivalente a 6,17% do PIB. No mesmo período de 2021, essa fatura era de R$ 335,7 bilhões ou 4,03% do PIB.
Aliás, o custo da dívida não para de crescer, pois a taxa de juros média implícita da dívida líquida total, por exemplo, passou de 5,1% ao ano, no acumulado de janeiro a agosto de 2021, para 7,2% anuais, no mesmo período deste ano. Essa taxa, aliás, é superior aos 7% registrados nos primeiros oito meses de 2019, ou seja, os juros da dívida pública já superaram patamares pré-pandemia.
O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, ficou negativo em R$ 65,9 bilhões no mês passado. No acumulado em 12 meses, o deficit nominal chegou a R$ 392 bilhões (4,20% do PIB), de acordo com os dados do BC.