Disputa pela presidência do Pros tem até acusação de atropelamento

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RENATO SOUZA

A Executiva Nacional do Pros decidiu, no sábado (11/01), destituir Eurípedes de Macedo Júnior da presidência do partido e, neste domingo (12/01), por unanimidade, suspender a filiação dele por três meses. Pela manhã, uma reunião do partido terminou em confusão, com o secretário da legenda, do grupo que se opõe a Eurípedes, acusando um funcionário de tentar atropelá-lo a mando do ex-dirigente.

De acordo com a certidão de suspensão, Eurípedes foi deposto do cargo por “diversas infrações disciplinares, especialmente por desviar recursos partidários e negociar a legenda em evidente prejuízo do partido e para auferir vantagens financeiras e pessoais”. Também pesou o fato de ele ser acusado de agredir a própria filha, de 19 anos, por causa de um carro. Ela conseguiu medida protetiva contra o pai.

O suposto atropelamento do secretário Edmílson Santana Boa Morte teria ocorrido após a reunião do partido e foi registrada na 10ª delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, no Lago Sul. Um vídeo, obtido pelo Blog, revela, no entanto, que o veículo que teria avançado contra Edmílson estava em baixa velocidade e que ele se aproximou do automóvel por conta própria.

Edmílson conversava com o motorista, um funcionário contratado pela fundação do partido, quando reclama que a roda do carro passou em cima de seu pé. A Polícia Civil encaminhou a suposta vítima para exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). O funcionário nega a acusação e também registrou ocorrência. Ele diz que a história foi inventada para servir de instrumento político.

Desvio de dinheiro

O então presidente do Pros foi alvo de uma série de reportagens do Correio em 2017. Ele foi acusado de utilizar dinheiro público para a compra de um helicóptero, de mansões, de um avião bimotor e de contratar funcionários terceirizados por meio de empresas de parentes com o dinheiro público.

Ao menos quatro denúncias contra Eurípedes foram apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF). Uma delas se refere ao helicóptero da fabricante Robinson, modelo R-66, prefixo PP-CHF, avaliado em R$ 2,8 milhões, que é utilizado para os deslocamentos do ex-vereador da cidade de Planaltina de Goiás, local onde o Pros foi fundado, até a casa pertencente à legenda, no Lago Sul.

Na época das reportagens, uma fonte contou que motoristas e transporte irregular, que prestavam serviço para ele, foram usados em larga escala para recolher assinaturas na região para a criação da legenda.

Operação da PF

Um ano após as reportagens do Correio, Eurípedes foi alvo da Polícia Federal. A prisão dele foi decretada na Operação Partialis, deflagrada para combater o desvio de recursos públicos na aquisição de gases medicinais em Brasília e no Pará.

De acordo com a PF, os envolvidos no esquema desviaram R$ 2 milhões em contratos com o setor público. Ele passou cinco dias foragido até se apresentar à superintendência da corporação, em Brasília.

Apesar de ter se entregado, Eurípedes, que também é ex-vereador, foi liberado em seguida graças a uma estratégia jurídica. O Código Eleitoral proíbe a prisão de eleitores em um período de cinco dias antes das eleições. Ele se apresentou dia 27 de outubro de 2018, três dias antes do segundo turno das eleições.

Novela

Em meio a polêmicas, o Diretório Nacional do Pros foi dissolvido e uma Comissão Executiva Nacional Provisória foi criada para atuar até que uma nova Convenção Nacional seja realizada, para a eleição da nova cúpula do partido.

Para o lugar de Eurípedes, o Pros escolheu Marcus Vinícius Chaves Holanda. Em nota, a defesa de Eurípedes disse que ele “ainda é presidente do partido, como consta em certidão da Justiça Eleitoral”.

Ainda de acordo com os advogados, que também representam a diretoria do Pros representada por Eurípedes, trata-se de “uma tentativa de golpe” em uma legenda que tem “representatividade no Congresso Nacional”.

Nota da defesa de Eurípedes

“Trata-se de uma tentativa natimorta de golpe partidário, que não resiste a uma análise jurídica mínima, e se deu ao arrepio do estatuto partidário, de suas resoluções, da legislação de regência e de princípios básicos da Constituição Federal.

Fala-se em um reunião do Diretório Nacional, a qual não foi convocada por seu Presidente legitimamente eleito, e na qual membros deste mesmo órgão partidário foram impedidos de adentrar à sede do Partido, para participar de tal reunião.

A Sede Nacional foi invadida, tomada, e isolada, por essas pessoas. Além disso, as senhas do sítio eletrônico oficial do Partido, bem como de suas redes sociais, foram alterados, para divulgações indevidas.

O Estado Democrático de Direito vigente em nosso país, não admite que um Partido Político com representação o Congresso Nacional, seja tomado de assalto, dessa forma.

O PROS buscará todos os meios institucionais para regularizar a situação jurídica e política do Partido, o mais rápido possível, bem como buscará a responsabilização de todos os envolvidos.”

Brasília, 19h30min

Vicente Nunes