Depois de revelar que uma quadrilha, da qual faria parte Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento, estava roubando dinheiro de servidores públicos, a Polícia Federal mostrou hoje que também os trabalhadores da iniciativa privada vêm sendo alvos da corrupção que se alastrou pelo país.
A Operação Sépsis, um desdobramento da Lava-Jato, revela que recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) vinham irrigando um esquema comandado por Fábio Cleto, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, e por seu mentor, o deputado Eduardo Cunha. O desvio do dinheiro dos trabalhadores se dava por meio do FI-FGTS, fundo de investimentos mantido com verbas do FGTS.
Somente no repasse do FI-FGTS para a Eldorado Celulose, de R$ 940 milhões, Cunha teria embolsado, irregularmente, R$ 9,4 milhões. Há denúncias de que o deputado, que está afastado de suas funções, também teria recebido propina em liberações de recursos do FI-FGTS para obras do Porto Maravilha, no Rio.
As investigações da Polícia Federal explicitam como a corrupção está disseminada no Brasil. Nada escapou das garras de políticos e empresários que se aproveitaram de um projeto de poder firmado entre o PT e o PMDB para surrupiar dinheiro público e dos trabalhadores.
O nome escolhido pela PF para a operação de hoje não poderia ser mais apropriado para expressar o triste momento que estamos vivendo. Sépsis faz referência a um quadro de infecção generalizada, quando um agente infeccioso afeta mais de um órgão.
Brasília, 09h30min