ROSANA HESSEL
O Ministério da Economia divulgou, nesta terça-feira (17/08), uma nota técnica confirmando dados alarmantes sobre desemprego constantemente divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme dados da nota técnica da Secretaria de Política Econômica (SPE) da pasta, a maioria dos brasileiros que estão desempregados há mais de dois anos é formada por jovens com baixa escolaridade, sendo que, no máximo, 80% possuem nível médio e, a maioria é composta por mulheres.
O estudo da SPE buscou fazer um “raio-X” sobre os dados da Taxa de Desemprego de Longo Prazo (TDLP), levando em conta os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE. Segundo o levantamento, o desemprego de longo prazo (acima de 2 anos), por outro lado, apresenta um crescimento constante entre 2014 e 2019, partindo de 1,2% da força de trabalho em 2014 e atingindo o máximo de 3,2% da força de trabalho em 2019.
No ano passado, o desemprego de longo prazo atingiu 2,6% da força de trabalho, apresentando redução de 0,6 ponto percentual. De acordo com a SPE, essa leve melhora deve ser resultado “das medidas fiscais e de dinamização do mercado de trabalho adotadas ao longo de 2019 e início de 2020, adotadas antes da pandemia”.
A nota técnica ainda destaca que o desemprego de “curta duração” (com duração de até um ano) atingia 5% da população, em 2012, passando para 4,6%, em 2014, até chegar ao pico de 8,1% entre 2014 e 2017. Depois de recuar para 7,3% da população entre, 2017 e 2019 e, em 2020, houve aumento forte desse indicador para 9,5% da força de trabalho em 2020, “em função da pandemia da covid-19”.
O autor da nota técnica, o subsecretário de Política Fiscal da SPE, Erik Figueiredo, disse que esse detalhamento revela a necessidade de políticas de inserção de jovens e com baixa escolaridade no mercado de trabalho. No comunicado da pasta, o técnico destacou que a longa permanência em situação de desemprego é condição de difícil superação, em situação que cria um “efeito de inércia” no cidadão, em uma combinação de fatores como perda de interesse por parte do profissional, e perda de competitividade devido à desatualização técnica e tecnológica.
“O estudo foca em traçar um perfil desses desempregados que, em grande parte, inclui os desalentados, que ficam desempregados por mais tempo devido à baixa qualificação desses jovens, que acabam tendo poucas chances de conseguir uma vaga, porque têm chances limitadas de mobilidade na função”, explicou Figueiredo, em entrevista ao Blog. “Mais da metade dessas pessoas desempregadas por mais de dois anos são jovens com pouca experiência e isso alimenta um ciclo vicioso, porque esse jovem não consegue experiência por não ter qualificação e o que acaba restando para eles é a informalidade”, lamentou.
Críticas de Paulo Guedes
Recentemente, o IBGE foi criticado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, quando a Pnad registrou novo recorde de desempregados: 14,8 milhões de brasileiros, sem contar os subutilizados e desalentados.
O ministro, na ocasião, disse que o órgão estava na “idade da pedra lascada”. Em sequência, Guedes teve uma resposta à altura dos servidores do instituto que disseram que a declaração era fruto de “ignorância ou inépcia”.