ROSANA HESSEL
VICENTE NUNES
A debandada do Ministério da Economia parece não ter acabado. As informações que circulam nesta quarta-feira (12/08) são de que outros dois integrantes podem abandonar o barco comandado pelo ministro Paulo Guedes: os secretários especiais Waldery Rodrigues (Fazenda) e Carlos da Costa (Produtividade, Emprego e Competitividade) também estariam deixando a equipe econômica.
Os dois secretários tiveram desgastes em episódios recentes e podem engrossar o grupo das demissões, segundo fontes do governo.
Ao confirmar a saída dos secretários especiais Salim Mattar (Desburocratização e Privatização) e Paulo Uebel (Desestatização e Privatização) o ministro admitiu que houve debandada na pasta justamente por não haver avanços nas respectivas pastas comandada pelos ex-secretários.
Essa nova conjuntura está deixando o mercado apreensivo em meio à ameaça do fim da âncora fiscal que ajudou na eleição do presidente Jair Bolsonaro. Fontes próximas ao chefe da equipe econômica admitem que ele, dificilmente, abandonará a batuta, apesar de as apostas para uma saída de Guedes aumentarem diante da desidratação da pasta e do aumento das pressões para mudanças no teto de gastos.
Após encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com o líder do blocão do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), Guedes alinhou o discurso com os políticos em defesa da emenda do teto, aprovada em 2016, e disparou contra os ministros que defendem aumento de investimento público, porque colocam o presidente “na zona sombria” da “irresponsabilidade fiscal e do impeachment”.
Para tentar minimizar o estrago da debandada, o presidente faz um post hoje defendendo o teto de gastos e privatizações como sinal de apoio ao ministro Paulo Guedes. Contudo, no meio desse clima de tensão, mercados abriram o dia no vermelho e o Índice Bovespa registra queda de mais de 1% e o dólar segue valorizado em mais de 1%.
Fontes próximas de Guedes admitem que o ministro está ficando cada vez menos rodeado de amigos “desidratado” enquanto suas promessas feitas por ele quando tomou posse que não se concretizaram, como zerar o deficit primário no primeiro ano de governo e arrecadar R$ 1 trilhão com privatizações. Contudo, descartam que o ministro abandone o cargo enquanto ele tiver apoio de Bolsonaro.
Desde junho, houve outras quatro baixas importantes na equipe econômica: Marcos Troyjo, Mansueto Almeida (Tesouro Nacional), Caio Megale (diretor de Programas) e Rubens Novaes, que anunciou sua saída da presidência do Banco do Brasil no fim deste mês. Mas, no ano passado, os desfalques foram o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Joaquim Levy, ambos defensores da cartilha liberal do ministro.
Nota
Em nota à imprensa na tarde de hoje, o MInistério da Economia negou a informação de que mais dois secretários estariam saindo do governo. “Não procede a informação de que os secretários especiais Waldery e Carlos Da Costa deixarão o ministério da Economia”, disse o comunicado.