O governo escalou parte da equipe econômica para monitorar a reação dos investidores em relação ao julgamento da chapa Dilma-Temer, que começa nesta terça-feira, 4, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Há o temor de que uma onda de desconfiança tome conta dos mercados, criando um clima de instabilidade que pode prejudicar a ainda frágil recuperação da economia. A maior preocupação dos donos do dinheiro é que o processo do TSE atrase a aprovação das reformas da Previdência e a trabalhista pelo Congresso.
Nos últimos dias, houve muitos questionamentos dos investidores sobre os riscos de Michel Temer ter o mandato cassado. Em conversas com integrantes do governo, os investidores ouviram que a probabilidade de o peemedebista deixar o comando do país existe, mas é pequena. Para o governo, o processo no TSE vai se arrastar por um longo período, já que é certo que pelo menos um ministro do Tribunal pedirá vistas por tempo indeterminado.
O Palácio do Planalto acredita que, apesar de desconfiados, os investidores apostam alto que Temer conseguirá se manter no cargo até o fim de 2018. “Se os investidores realmente acreditassem numa derrota do presidente no TSE, o humor dos mercados seria totalmente outro”, diz um assessor de Temer. “Hoje, por exemplo, a bolsa subiu (0,35%, para os 65.211 pontos) e o dólar caiu (-0,54%, para R$ 3,113). Isso, às vésperas do julgamento”, acrescenta.
Além das conversas com integrantes do governo, os investidores têm se municiado do trabalho de lobistas que têm portas abertas no TSE. Esses profissionais têm conversado com integrantes do Tribunal para saber os trâmites legais do processo de cassação da chapa Dilma-Temer e quais as brechas abertas na legislação que podem ser usadas para atrasar a decisão da Corte. Muitos investidores acreditam que o governo conseguirá adiar a sentença.
Para o Planalto, é importante que os investidores continuem “com esse pensamento positivo”. Segundo assessores de Temer, não é o momento de se criar turbulências. Há boas notícias se desenhando no horizonte. A inflação está em queda, o que levará o Banco Central a acelerar o corte na taxa básica de juros (Selic). A confiança de consumidores e de empresários voltou a ficar em terreno positivo. “Não é muito, mas nos dá um conforto. O ideal é que a política não mine o pouco que avançamos na economia”, ressalta outro auxiliar de Temer.
Brasília, 19h40min