Dados positivos do varejo embalam B3 que encosta em 100 mil pontos

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ROSANA HESSEL

Ao contrário da véspera, quando operou no vermelho após a confirmação de o presidente Jair Bolsonaro testar positivo para a covid91, e encerrou com queda de 1,19%, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) abriu as negociações desta quarta-feira (08/07) em clima mais otimista e voltou a encostar em 100 mil pontos, embalada pelos números positivos do varejo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O crescimento 13,9% nas vendas do varejo, entre maio e abril deste ano, ficou acima das previsões do mercado financeiro, de 5% a 6%, menos da metade do realizado. Com isso, a Bolsa abriu o pregão em alta, mas com bastante volatilidade, chegando a 99,7 mil pontos pouco depois das 11h, mas recuando na sequência para 99,3 mil pontos logo em seguida. Enquanto isso, o dólar caía pouco e era cotado a R$ 5,38, mesma cotação da véspera, apesar de ter recuado antes para R$ 5,35.

“Sem dúvida, a Bovespa engata segunda alta da semana com as vendas do varejo bem acima das expectativas do mercado”, destacou o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer. De acordo com o economista, o fato de o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter testado negativo também contribuiu para esse otimismo. “A Bolsa tinha medo de que o Guedes também tivesse pego covid-19”, afirmou ele, justificando o tombo na terça-feira.

Ontem à noite, após um sumiço de informações do ministro, a assessoria de imprensa do Ministério da Economia informou que Guedes testou negativo, “na semana passada” e que faria novo exame nos próximos dias.  “O ministro não apresenta sintomas da doença. Conforme recomendação médica, ele cumprirá agenda por meio de videoconferência e fará novo exame em quatro dias para assegurar a eficácia do resultado”, destacou a nota.

Para o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), os dados do IBGE de hoje mostram que o “fundo do poço” ocorrido em abril ficou para trás, mas ainda não muda as projeções de queda do varejo para este ano, de 6,3%. “Mesmo com a alta em maio, o volume de vendas correspondeu ao nível observado em dezembro de 2016”, destacou.

As perdas mensais do comércio varejista em relação ao período pré-pandemia, segundo os dados da CNC, somaram R$ 54,6 bilhões em junho, abaixo dos R$ 69,5 bilhões de maio. Em abril, esse saldo negativo foi de R$ 77,4 bilhões.

O economista-chefe do PNB Paribas, Gustavo Arruda, também evita ser muito otimista com relação aos dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE e outros indicadores positivos de maio e de junho, como os da indústria, sinalizam que “o pior já passou”. Para ele, no entanto, esses dados melhores no segundo trimestre podem ajudar a reduzir o tombo do Produto Interno Bruto (PIB) entre abril e junho que está sendo previsto pelo mercado, “mas direcionam para uma retomada mais lenta a partir do terceiro trimestre”.

O banco francês prevê queda de 7% no PIB deste ano e uma alta de 4%, em 2021. Pelas estimativas da instituição, o processo de retomada dessa crise provocada pela pandemia será lento da economia que deverá se estender até 2022 em vários países, inclusive, o Brasil, segundo Arruda.

Vicente Nunes