Dados de serviços faz CNC piorar previsão de queda do setor em 2020

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ROSANA HESSEL

Os dados de setembro o setor de serviços, divulgados nesta quinta-feira (12/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a economia, como um todo não está conseguindo se recuperar tão rapidamente, da crise provocada pela pandemia de covid-19, com uma curva em V como o ministro da Economia, Paulo Guedes, costuma insistir em afirmar. O segmento avançou 1,8% em relação a agosto, quarta alta consecutiva, mas recuou 8,8% no acumulado do ano, na comparação com o mesmo período de 2019.

“Está descartada a recuperação em V no setor de serviços”, afirmou o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Turismo e Serviços (CNC), em entrevista ao Blog. Devido ao resultado de setembro, Bentes acaba de piorar a previsão de queda do segmento neste ano, passando de 5,9% para 6,9%. Ele ainda não revisou a previsão para o PIB que, atualmente, estima retração de 5% em 2020.

Conforme dados do IBGE, o setor de serviços acumula alta de 13,4% nos últimos quatro meses, mas, entre fevereiro e maio, a perda acumulada foi de 19,8%. Logo, o indicador ainda não retomou o patamar pré-crise.

Pelos cálculos de Bentes, os dados de setembro mostram que o setor de serviços está 9% abaixo da média registrada no primeiro bimestre de 2020. Enquanto isso, o varejo acumula alta de 11% na mesma base de comparação e, a indústria de 4%. “O setor de turismo é o que mais está sofrendo com a crise da, porque ainda está 44% abaixo do patamar do primeiro bimestre”, comparou. “O  que a gente percebe nesses indicadores conjunturais, a gente percebe que a pandemia foi terrível e que a gente precisaria de condições melhores para o crescimento e menos menos incerteza, especialmente, com a politização da vacina em meio à ameaça de uma segunda onda chegando sem que o país tenha conseguido acabar com a primeira”, avaliou.

De acordo com dados da CNC, as perdas no turismo somam R$ 230 bilhões e o setor opera com  menos de 30% da capacidade. Bentes lembrou ainda que setor de serviços responde por 13,5% da força de trabalho do país e fechou 490 mil postos de trabalho entre março e setembro.  Ele contou que sempre perguntam para ele quando é que a pandemia vai acabar. “Não adianta perguntar para economista, porque a bala de prata para a crise é a vacina contra a covid. E, com a recente politização da vacina, dificilmente vamos conseguir sair dela”, alertou.

Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro, comemorou a suspensão dos testes da CoronaVac, no país pela Anvisa,  em uma clara sinalização de festejar uma “vitória” pessoal porque a vacina é chinesa e está sendo desenvolvida no estado de São Paulo, governado pelo desafeto João Dória (PSDB). Ontem, os testes foram retomados após a constatação de que a morte de um dos voluntários não foi causada por covid-19, e, sim, por suicídio.

Vicente Nunes