Não por acaso, o presidente Jair Bolsonaro voltou antes do previsto das férias para Brasília. Ele sabe o tamanho da cobrança que vem sendo feita ao governo, acusado de prejudicar os mais pobres.
Bolsonaro nunca teve aprovação elevada entre os eleitores de menor renda. Essa baixa popularidade entre os mais pobres é vista, sobretudo, no Nordeste, onde a aposentadoria e o salário mínimo têm forte peso na renda.
Há, entre os trabalhadores menos favorecidos, a visão de que o governo não governa para os pobres. A política liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, é vista como beneficiária apenas dos mais ricos.
Descontentamento
Segundo integrantes do Palácio do Planalto, o presidente está “muito preocupado” com a repercussão negativa da crise no INSS e cobrou uma solução rápida. Bolsonaro quer que a fila de pedidos de benefícios, que passa de 2 milhões, seja reduzida o mais rapidamente possível.
O presidente não esconde, inclusive, o descontentamento com o presidente do INSS, Renato Vieira. Para Bolsonaro, ele e os demais diretores do órgão não estão sabendo responder à crise na velocidade que se espera.
Quanto ao salário mínimo, Bolsonaro pediu que a equipe econômica siga pelo menos a legislação, que obriga a correção pela inflação. A equipe econômica fixou o salário mínimo em R$ 1.039, com atualização de 4,1%, abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2019, de 4,48%.
Diante da chiadeira, o salário mínimo passará para R$ 1.045. “Previdência e salário mínimo são temas muito sensíveis, que mancham a imagem de qualquer governo, caso não seja tratados com a devida atenção”, diz um integrante do Planalto.
O governo teme que essa visão negativa acabe prejudicando o clima positivo com o qual a economia começou o ano. Não custa lembrar que, entre os economistas, já não se tem mais aquela euforia de que 2020 será o ano da virada. A bola murchou muito.
Brasília, 14h21min