A equipe econômica está correndo contra o tempo para tentar anunciar, ainda hoje, os cortes no Orçamento e as medidas adicionais para cobrir o rombo adicional de R$ 58,2 bilhões. Está praticamente certo que o contingenciamento dos gastos será de R$ 30 bilhões. Outros R$ 6 bilhões virão da reoneração da folha de pagamento e R$ 22,2 bilhões de depósitos judiciais, concessões e privatizações.
Com isso, a princípio, o governo não precisará anunciar aumento de impostos agora, evitando desgastes ao presidente Michel Temer. Ele já ouviu de vários empresários que o momento não é para se elevar a carga tributária, uma vez que o país ainda se debate para sair da recessão. Também já foi avisado pelos líderes de partidos da base aliada de que, no Congresso, dificilmente a elevação de impostos será aprovada.
Os números finais serão fechados em uma reunião, no fim da tarde, entre Temer e os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo de Oliveira. Para a equipe econômica, é muito importante resolver esse assunto logo, pois é grande a desconfiança entre os agentes econômicos de que o governo será obrigado a rever a meta fiscal deste ano, de deficit máximo de R$ 139 bilhões.
Arrecadação
A equipe econômica não descarta que terá que aumentar impostos nos próximos meses. Mesmo com a arrecadação apresentando crescimento real nos dois primeiros meses do ano, não há como acreditar que o volume total de impostos arrecadados será suficiente para cobrir todas as despesas.
“Estamos em uma situação muito complicada. O espaço para cortar gastos é mínimo, a gritaria contra aumento de impostos é enorme e temos que contar com a sorte de que as receitas extraordinárias que estamos prevendo vão se concretizar”, diz um integrante da equipe econômica.
No mercado, a complacência em relação ao governo já não é tão grande como há algumas semanas. Mas os investidores temem que o governo não seja capaz de entregar o que prometeu em termos de ajuste fiscal.
Brasília, 11h05min