CORRUPÇÃO E FALTA DE TRANSPARÊNCIA

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Assim que tomaram posse, os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciaram novos tempos na economia. Além de medidas fundamentais para arrumar a casa e reverter todo o estrago provocado nos quatro primeiros anos do governo de Dilma Rousseff, como a meta de superavit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), comprometeram-se com um valor fundamental para um país que, dia após dia, vem sem deparando com denúncias de corrupção: dar transparência à administração pública.

Depois de quase cinco meses no cargo, nem Levy nem Barbosa dão demonstrações claras de que vão cumprir o que prometerem no quesito transparência. As pastas que comandam continuam funcionando como verdadeiras caixas-pretas. Conseguir informações relevantes à sociedade é quase impossível, sobretudo se os dados desvendarem mamatas e o descalabro em várias áreas do governo.

Tente, por exemplo, saber da Fazenda e do Planejamento quantos são os assentos que o governo tem em empresas estatais, cargos que são repartidos entre um grupo restrito de servidores públicos e indicados políticos selecionados pelo Palácio do Planalto. Cobre do Departamento de Controle das Estatais (Dest), órgão vinculado a Barbosa, informações sobre as empresas que vêm colocando em risco o ajuste fiscal. No máximo, receberá respostas genéricas, que desrespeitam a inteligência.

É inaceitável que seja assim. O mais assustador, porém, é que não há perspectiva de mudança. A máquina pública foi construída para facilitar malfeitos, viabilizar grupos com o objetivo claro de enriquecer às custas dos contribuintes. Transparência não combina com esses interesses escusos. Pode ser que até Levy e Barbosa venham a surpreender ao romper com esse modelo nefasto. Os dias estão correndo. Enquanto mantiverem os olhos fechados, os malfeitos prevalecerão e milhões de reais continuarão escorrendo diariamente pelos ralos da corrupção.

O custo da falta de transparência para o país é elevado. Em seminário ontem, Cristiano Herckert, secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, foi enfático: “Abrir dados é uma forma de gerar desenvolvimento econômico e social para nosso país”. Pena que nem mesmo os colegas de trabalho dele acreditem nisso. Se acreditassem, contribuiriam para a grande revolução que todos anseiam: um governo que não tem medo de se mostrar.

Fundos contratam Bank of America

» Os três fundos de pensão que participam do controle da Invepar contrataram o Bank of America Merril Lynch. Missão: analisar a possibilidade de eles assumirem os quase 25% que a OAS tem na empresa que administra as concessões do Aeroporto de Guarulhos e da BR-040.

Prazo para comprar ações

» Funcef (dos empregados da Caixa Econômica Federal), Previ (do Banco do Brasil) e Petros (da Petrobras) fixaram outubro como prazo final para exercerem ou não o direito de preferência na compra da participação da OAS na Invepar.

Nas mãos do juiz

» A decisão dos três fundos de pensão sobre a Invepar depende, sobretudo, do juiz responsável pelo pedido de recuperação judicial da OAS, que quase quebrou depois de ser pega no esquema de corrupção na Petrobras descoberto por meio da Operação Lava-Jato.

Operação temporária

» Mesmo que fiquem com os quase 25% da OAS na Invepar, Funcef, Previ e Petros terão prazo de dois anos para passar as ações da empresa adiante. É que, por lei, as fundações não podem deter mais do que 25% do capital da concessionária. Os três fundos já estão nesse limite.

Débitos de R$ 1,438 tri

» Os brasileiros encerraram o primeiro trimestre do ano devendo R$ 1,438 trilhão aos bancos. O saldo representa crescimento de 5,2% nos últimos 12 meses. Os consumidores estão fazendo dívidas mesmo com as taxas de juros atingindo os níveis mais altos desde março de 2011.

Café salgado

» Os servidores do Ministério da Fazenda estão assustados com a inflação do cafezinho, que chegou com tudo. O preço da bebida na lanchonete do térreo do Bloco P da Esplanada passou de R$ 2 para R$ 3 nos últimos 12 meses. Ou seja, deu um salto de 50%. No mesmo período, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pouco mais de 8%.

Brasília, 00h10

Vicente Nunes