Correio Econômico: Todos de olho em Lula

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Os investidores começaram a contagem regressiva em relação ao julgamento do ex-presidente Lula, marcado para 24 de janeiro. A ordem, a partir de agora, é acompanhar todos os movimentos da defesa do ex-presidente e, sobretudo, dos três desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral da 4ª Região (TRF-4) que definirão o futuro político do petista. A aposta majoritária do mercado é de um placar de 3 a 0 contra Lula, reduzindo as chances de a sentença ser reformada por tribunais superiores.

Os donos do dinheiro querem que Lula saia logo da disputa pela Presidência da República. O pior cenário para os investidores é a judicialização do quadro eleitoral, ou seja, que o petista continue na disputa com base em liminares ou embargos. Na avaliação do mercado, sem o ex-presidente no front e com a implosão da candidatura de Jair Bolsonaro, que, para especialistas, deve começar a perder votos nas próximas pesquisas, será mais fácil surgir um representante de centro com chances concretas de vitória em outubro.

O interesse dos investidores pelo julgamento do TRF-4 é tamanho, que bancos e corretoras contrataram serviços de profissionais especializados em Justiça para obter informações privilegiadas. Entre elas, as de que os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prometem se posicionar rapidamente no caso de a defesa de Lula recorrer à Corte. Na visão deles, arrastar o processo e dar esperanças ao eleitorado do petista, que lidera a corrida pelo Palácio do Planalto, é jogar lenha numa fogueira cujo potencial de estrago não se pode imaginar.

Ansiedade

Um dos principais banqueiros do país resume o estado de ansiedade dos investidores: “A ponto de explodir”. Ele não esconde a preocupação no caso de o mercado se frustrar com a decisão da Justiça sobre Lula. “Será um Deus nos acuda, pois as apostas são firmes de que o ex-presidente não continuará no páreo eleitoral”, ressalta. “Muita gente vai perder dinheiro. Mas, paciência. Esse é o jogo entre os investidores. O ideal seria que todos mantivessem os pés no chão e avaliassem o quadro político de forma mais serena. Mas serenidade é uma palavra que não faz parte do dicionário do mercado”, completa.

Para o economista-chefe do Banco UBS, Tony Volpon, a boa notícia é que todo o estresse eleitoral está ocorrendo em um quadro externo muito favorável ao Brasil. As incertezas no país estão sendo minimizadas pelo crescimento maior da economia mundial. Volpon alerta, porém, que essa boa fase da economia internacional não durará para sempre. O ano de 2018 já está dado, independentemente do resultado das urnas. O problema é prever 2019. Há uma nuvem tão grande de incerteza que, qualquer projeção mais enfática agora corre o risco de se tornar um grande fiasco. Felizmente, ainda dá tempo de dissipar esse quadro tão confuso. Basta que o país opte pelo bom-senso.

Brasília 08h53min

Vicente Nunes