Essa queda na real explica a histeria que tomou conta dos investidores nos últimos dias. Os preços do dólar e o Ibovespa, principal índice de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo, passaram a incorporar o que os donos do dinheiro chamam de risco PT, a repetição da desastrosa política econômica que vigorou na reta final do governo Lula e imperou no mandato de Dilma Rousseff. O estrago foi tão grande que o Brasil ainda não conseguiu se levantar da recessão que deixou 13 milhões de desempregados e destruiu as contas públicas. O escolhido para comandar o país a partir de 2019 terá de encarar uma economia em frangalhos.
O PT faz de conta que não tem nada a ver com o desastre prolongado que aflige, sobretudo, os mais pobres, os grandes eleitores do partido. E teve a sorte de entregar o país a Michel Temer. Tudo de ruim que os governos petistas fizeram está sendo creditado ao atual presidente. Essa, inclusive, é a razão para 39% do eleitorado dizer que vota em Lula, caso ele seja candidato à Presidência. Muitos acreditam que, no Palácio do Planalto, o petista trará de volta, num passe de mágica, os bons momentos que permitiram a incorporação de quase 50 milhões de pessoas no mercado de consumo. É ilusão. Mas o PT sabe vender bem esse sonho, assim como soube criar um país fictício, no qual tudo ia bem, para reeleger Dilma.
Lava-Jato
Não são apenas os mais pobres que sonham em ter o PT de volta no comando do país. A vitória do partido interessa à elite corrupta, que torce, dia e noite, para o fim da Operação Lava-Jato. Alguém acredita que, com um petista na Presidência, as investigações que levaram Lula para a prisão, depois de ser condenado a 12 anos pelos crimes de lavagem de dinheiro e de corrupção, continuarão com a facilidade e a rapidez vistas hoje? Não é de se estranhar, portanto, que os principais líderes dos partidos do Centrão, que estão na coligação de Geraldo Alckmin (PSDB), alardeiam em alto e bom som que apoiam Lula.
Ainda falta um mês e meio para as eleições. Na opinião dos candidatos, é um tempo curto demais para uma campanha tão embolada e sem dinheiro. Mas, do ponto de vista daqueles que vão depositar os votos nas urnas, será possível amadurecer decisões com tranquilidade e, principalmente, juízo. O país não pode errar de novo. É imperativo analisar de forma criteriosa as propostas dos postulantes ao Palácio do Planalto. Viver do passado é perigoso. O Brasil precisa de um governante comprometido com reformas, que conheça a fundo os problemas da economia e não se deixe levar pela demagogia.
Brasília, 06h35min