POR ANTONIO TEMÓTEO
O presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, também está na mira de auditoria externa conduzida pelo escritório Pinheiro Neto Advogados e da corregedoria do banco público. O Ministério Público Federal (MPF) espera a conclusão das apurações para decidir se recomendará ao presidente Michel Temer o afastamento do comandante da estatal. O trabalho é realizado à parte dos que trataram dos vice-presidentes da Caixa.
Além de citado por investigadores da força-tarefa da Operação Greenfield, Ochhi é alvo de diversos delatores da Operação Lava-Jato. O presidente da Caixa e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, estiveram ontem com o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn. O encontro ocorreu seis dias após o diretor de Fiscalização da autoridade monetária, Paulo Sérgio Neves de Souza, recomendar, em ofício enviado à presidente do Conselho de Administração do banco público, Ana Paula Vescovi, o afastamento de quatro vice-presidentes da instituição financeira.
Conforme o documento do BC, a Caixa está exposta a riscos anormais, especialmente os de imagem, reputacional e legal, apontados pelo escritório Pinheiro Neto. A autoridade monetária se refere a fatos apurados nas Operações Origem, Cui Bono, Sepsis e Patmos, que apontaram esquemas de pagamento de propina em financiamentos do banco.
Ingerência política
A auditoria independente, realizada a pedido do Conselho de Administração, informou que os vice-presidentes Antonio Carlos Ferreira (Corporativo), Deusdina dos Reis Pereira (Fundos de Governo e Loterias), Roberto Derziê (Governo) e José Henrique Marques da Cruz (Negócios) mantêm proximidade com partidos políticos e que podem ter cometido irregularidades.
No documento do BC, Souza também cita recomendações do Comitê de Basileia, de que os reguladores dos países membros devem estabelecer critérios para o exercício de cargos de direção em instituições financeiras.
Os investigadores do MPF detalharam que os partidos com ingerência na Caixa, entre eles PP, PMDB, PR e PRB, pressionavam o governo pela substituição de Ana Paula Vescovi, que também é secretária do Tesouro Nacional. Vescovi é uma das entusiastas de mudanças no estatuto do banco público para reformular o processo de seleção de executivos para presidência, vice-presidências e diretorias. Ela só não deixou o posto porque conta com o respaldo do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.