Para Temer, somente uma virada muito, mas muito forte na sua popularidade nos próximos meses o levaria a inscrever seu nome nas cédulas que serão definidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como ele não acredita muito em milagres, quer priorizar seu cacife para escolher quem será o candidato do Palácio do Planalto à sua sucessão. Meirelles, se fosse mais palatável, seria o escolhido sem hesitação. O presidente, então, mapeia as forças reais do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Em conversas com os aliados mais próximos, Temer reconhece que, mesmo não sendo bom de votos — quase não conseguiu se eleger deputado federal pelo Rio de Janeiro na última eleição —, Rodrigo Maia pode surpreender, sobretudo se souber escolher um bom representante do Nordeste como vice. Um dos interlocutores do presidente chega a dizer que, se Maia for para o segundo turno, vence a disputa. Temer não tem essa certeza, reconhece, porém, que não há como subestimar o presidente da Câmara, que tem um discurso muito palatável entre os eleitores.
Quanto a Alckmin, o presidente acredita que é o melhor candidato. Contudo, terá que costurar alianças muito poderosas e construir palanques fortes nos três maiores colégios eleitorais — São Paulo, Minas Gerais e Rio — e fincar posição em estados importantes do Nordeste, como Pernambuco, Ceará e Bahia. Temer admite que o governador paulista tem habilidade para construir o apoio que precisa, mas, antes de tudo, precisa pacificar o PSDB, seu partido.
Fora do radar
Na avaliação de Ivo Chermont, economista-chefe da gestora de recursos Quantitas, dos três candidatos que disputam o apoio do Planalto, o mais forte para vencer a disputa pela Presidência da República é Alckmin. Ele ressalta que o mercado está apostando firme no tucano, pois não vê nenhuma chance de vitória em Meirelles nem em Maia. “Esses dois estão fora do radar dos investidores. São atores políticos muito importantes, porém, não empolgam como candidatos”, assinala.
Em relação a Meirelles, o que realmente os investidores querem saber é quem irá sucedê-lo no Ministério da Fazenda. Pelo que foi acertado com Temer, o ministro dará a palavra final sobre o futuro chefe da equipe econômica. Neste momento, o nome mais provável é o de Eduardo Guardia, atual secretário executivo da pasta. Isso se encaixa na ideia do presidente de dar um caráter mais técnico ao ministério a partir de abril, quando se encerra o prazo de desincompatibilização dos que disputarão as eleições.
Temer, por sinal, já fez chegar a Dyogo Oliveira que ele continuará no comando do Ministério do Planejamento, a despeito de todo o lobby do senador Romero Jucá (MDB) a fim de transferir seu pupilo para a Fazenda. O presidente acredita que não há porque comprar essa briga com Meirelles, pois lhe deve muito, sobretudo por ter conduzido com sucesso a política econômica.
O emedebista não esconde que gostaria de terminar seu mandato com Meirelles como ministro. O problema é que o subordinado já montou toda a estrutura para botar sua campanha ao Planalto nas ruas. Os próximos dias vão mostrar o que pesará mais, a vaidade ou o senso de realidade.
Brasília, 06h49min