RODOLFO COSTA
Na política, gestos podem dizer mais do que palavras. Os afagos trocados entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, antes, durante e depois de cerimônia de lançamento de um projeto de combate à criminalidade, no Palácio do Planalto, diz muito sobre a atual relação entre os dois. Pessoas próximas afirmam que os dois se encontraram a portas fechadas na última sexta-feira (23/8) para colocar os desconfortos a panos limpos. Depois do “tête-à-tête”, a relação melhorou da água para o vinho.
A amigos e aliados, Moro negou qualquer possibilidade de abandonar o cargo. Disse que não abandonou 22 anos de magistratura para viver uma aventura no governo federal. Tão pouco se disse incomodado em relação ao tom usado por Bolsonaro nas declarações ditas na quinta-feira da semana passada (22/8), um dia antes da conversa. Naquele dia, o presidente falou à imprensa que o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, é subordinado a ele, não a Moro. “Eu que indico. Está na lei”, declarou o capitão reformado.
O que, de fato, incomodou Moro, foi o sentimento de falta de confiança. O ministro conhece o jeito de Bolsonaro se expressar, mas questionou-se sobre a confiabilidade no presidente nele. “O ministro teve a impressão que o presidente não confia nele. Esse é o ponto. Pediu para conversar com o Jair para ter certeza se há essa confiança, que, para o Moro, é primordial. Os dois sentaram e conversaram e viram que era tudo burburinho. Os dois se entenderam e a conclusão feita por eles é de que tem gente tentando fritar um para o outro”, afirmou ao Blog uma aliada de ambos. “Por isso, na cerimônia de hoje, o ministro fez questão de atribuir coisas que fez ao presidente, e vice-versa”, acrescentou.